Washington, 12 jun (EFE).- Ashlyn Julian, o bebê de quatro semanas que teve um aneurisma cerebral curado através do uso de "supercola" cirúrgica, se recupera da operação de maneira satisfatória e, em breve, já deverá receber alta, informou nesta quarta-feira à Agência Efe uma porta-voz do hospital.
"Ashlyn está muito bem", afirmou Jill Chadwick, do Hospital da Universidade do Kansas, que ressaltou: "Na verdade, ela sofreu dois derrames e, apesar da parede do vaso ter sido selada, seu corpo precisará de tempo para reabsorver o sangue que extravasou".
"É provável que amanhã ou depois ela seja transferida para o Hospital e Clínica Mercy para Crianças, onde ficará em observação antes de poder voltar para casa", completou o porta-voz.
Após a menina ter sofrido um aneurisma cerebral na última quarta-feira, os cirurgiões do Hospital Universitário, liderados por Koji Ebersole, recorreram ao uso da cola cirúrgica para tentar salvar a vida do bebê.
"A cola utilizada - de cianoacrilato - é feita com uma substância que pode ser comprada em qualquer loja, mas a utilizada no hospital é de uso cirúrgico e, por isso, é esterilizada", afirmou Jill. "Essa foi a primeira vez em que a substância foi aplicada em um bebê quase recém-nascido", garantiu.
Segundo Jill, a cola em questão é transparente e, para poder ser observada em raios X, os cirurgiões a "colorem" com óleo de sementes de papoula.
Ashlyn não passou por complicações durante o parto, realizado no dia 16 de maio. No entanto, nas semanas seguintes, a menina começou a ficar inquieta e a vomitar com frequência. Ao ser levada ao hospital por seus pais, o bebê foi submetido a um exame de ressonância magnética, que detectou um aneurisma do tamanho de uma azeitona.
Os aneurismas cerebrais são extremamente raros em bebês e crianças pequenas porque, na maioria das vezes, demoram anos para se desenvolverem. Por conta deste fato, não existem instrumentos pediátricos para realizar o procedimento de selagem em recém-nascidos.
Nesses casos, os médicos têm que utilizar equipamentos destinados a adultos, mas do menor tamanho disponível.
Primeiro, os cirurgiões inseriram um cateter em um vaso sanguíneo no lado direito do quadril de Ashlyn, que foi conduzido pelas vias circulatórias do bebê até o pescoço e, posteriormente, ao cérebro, um procedimento que conta com a ajuda de um scanner cerebral para mostrar os dois ângulos dos vasos.
Desta forma, o médico responsável pela cirurgia, Koji Ebersole, pôde colocar a "supercola" no vaso afetado. Após a aplicação, a substância secou em poucos segundos e criou uma camada interna que se mostrou capaz de selar o aneurisma. EFE