Roma, 13 dez (EFE).- A política italiana vive um novo dia de confusão após as declarações do ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi nas quais abriu a possibilidade de retirar sua candidatura às eleições gerais de 2013, caso o atual chefe de Governo, Mario Monti, concorra ao cargo.
Enquanto 'Il Cavaliere' está em Bruxelas para participar da reunião do Partido Popular Europeu (PPE), na Itália tanto os líderes políticos como a imprensa tentam dar um significado ao que parece a enésima mudança de intenções de Berlusconi.
O líder do progressista Partido Democrata (PD), Pier Luigi Bersani, confessou nesta quinta-feira em entrevista coletiva estar "estupefato" com a proposta de Berlusconi e expressou seu convencimento de que o empresário não vencerá as eleições do próximo ano.
Bersani assegurou que após as eleições sua legenda estará disposta a dialogar com as forças do centro, e reiterou sua intenção, em caso de vitória, de oferecer um papel a Monti.
Muito crítico também se mostrou o líder dos democratas-cristãos do UDC, Pier Ferdinando Casini, que assinalou que "Berlusconi se encontra em um estado de confusão", depois que seu partido, o Povo da Liberdade (PDL) retirou o apoio ao Executivo tecnocrata de Monti, e agora promove sua candidatura.
O presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, ex-aliado de Berlusconi e líder do grupo parlamentar Futuro e Liberdade (FLI) comentou que o fato de 'Il Cavaliere' considerar Monti uma peça em seu tabuleiro de xadrez demonstra que não se pode confiar nele.
Quando sua candidatura parecia confirmada, Berlusconi deu na quarta-feira um novo golpe de efeito durante um encontro com a imprensa na apresentação de um livro do jornalista Bruno Vespa na qual ensaiou dar "um passo atrás" em função de como evoluírem a situação nas fileiras conservadoras.
Berlusconi também lançou a hipótese de que finalmente o candidato de seu partido a chefe do Governo acabe sendo o secretário político da legenda, Angelino Alfano, o que 'a priori' tinha ficado descartado depois que ele confirmou sua intenção de se apresentar ao pleito.
Tudo isto poderia representar uma nova estratégia na qual, segundo alguns analistas, pôde pensar a Liga Norte - antiga aliada do Governo de Berlusconi em seu último mandato e cujo secretário-geral, Roberto Maroni, já rejeitou nos últimos dias uma possível renovação dessa união se Berlusconi continuasse na primeira linha, mas consideraria a possibilidade no caso de ser Alfano.
A atenção agora se centra de novo em Monti, que no sábado anunciou sua intenção "irrevogável" de apresentar sua renúncia depois da aprovação no Parlamento da Lei dos Orçamentos, e que hoje rejeitou se pronunciar sobre o tema em Bruxelas, assegurando que continua centrado em seu trabalho de Governo, depois de se reunir com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. EFE