RIO DE JANEIRO (Reuters) - A nova direção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou uma força-tarefa para tentar destravar empréstimos da instituição de fomento junto à iniciativa privada, afirmou nesta segunda-feira a diretora Marilene Ramos.
Segundo ela, que falou durante seminário da Fundação Getúlio Vargas, o grupo interno foi formado com apoio do Ministério da Fazenda e agências reguladoras e foi montado para estudar casos pendentes que estão no banco desde o governo passado.
Ela foi questionada especificamente sobre empréstimos ao consórcio que administra o aeroporto do Galeão, formado por Infraero, a cingapuriana Changi e Odebrecht Transport, e ao grupo responsável pela duplicação da BR-163, administrada também pela empresa de concessões do grupo Odebrecht.
No caso do Galeão, empréstimos-ponte de 1,1 bilhão de reais foram concedidos, mas os recursos de longo prazo de 2,1 bilhões de reais não foram liberados devido a problemas nas garantias apresentadas. A Odebrecht é uma das investigadas na Operação Lava Jato e estaria com problemas para apresentar garantias sustentáveis para a viabilizar o financiamento.
Segundo a diretor do BNDES, o objetivo dessa força-tarefa é encontrar forma de viabilizar esses e outros financiamentos para projetos considerados fundamentais para a infraestrutura do país.
"É um momento difícil porque muitos dos projetos envolvem empresas que estão na Lava Jato e as garantias corporativas ficam complicadas porque não se sabe o que pode acontecer com essas empresas", disse ela a jornalistas. "O que não pode é um problema ser rolado; ele tem que ser entendido e resolvido", acrescentou.
A diretora do BNDES destacou que a expectativa é que uma definição para essas pendências saiam o mais rápido possível. "São projetos de interesse público, que têm que acontecer e temos que encontrar como fazer acontecer", afirmou ela.
A diretora do BNDES acrescentou que a retomada dos investimentos e a viabilização do programa de concessão do governo interino de Michel Temer dependem de um melhora de cenário interno. "A medida que o país se estabilize, a tendência é que volte a confiança dos investidores. Tem que se estabilizar política e economicamente. Hoje a situação é muito difícil", disse ela.
Mais cedo, Ramos afirmou que o BNDES vai liberar automaticamente o financiamento para o governo do Rio de Janeiro concluir a obra de expansão do metrô da capital do Estado se houver aval do governo federal nas próximas horas.
(Por Rodrigo Viga Gaier)