RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disse que não espera mudança no ritmo de pedidos de empréstimos no banco após o governo federal ter anunciado nesta manhã que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), subsidiada, será substituída a partir de 2018 pela Taxa de Longo Prazo (TLP), mas referenciada em preços mercado.
Falando a jornalistas, a presidente do banco de fomento, Maria Silvia Bastos Marques, disse também que a mudança não afetará contratos do banco para leilões de energia já ocorridos ou os que tiverem condições anunciadas até o fim deste ano. A TJLP será usada por até 30 anos para os contratos assinados nas condições atuais.
"Nem um nem outro", disse Maria Silvia quando perguntada se esperava uma corrida ao banco em busca de crédito para assegurar a taxa atual ou uma espera por parte dos empresários até a mudança para a TLP. "Quem disse que a taxa de mercado vai subir? Pelo contrário, tudo indica pelas projeções à frente que a taxa de mercado vai cair".
Segundo ela, a mudança nas diretrizes para a principal linha de financiamentos do banco será benéfica porque amplia a possibilidade de atuação do banco com entidades do mercado.
"Para o BNDES os novos contratos poderão ser precificados e, portanto securitizáveis, ou seja, podemos vender carteira, securitizar créditos, constituir fundos de investimento. Abre-se uma série de possibilidades que hoje não são possíveis."
O governo anunciou mais cedo nesta sexta-feira a criação da nova taxa de juros para balizar o custo dos financiamentos concedidos pelo BNDES, que passará a contar com menos subsídios da União, dentro de esforços para buscar o reequilíbrio das contas públicas e elevar a potência da política monetária.
A TLP, que substituirá a TJLP nos novos contratos, será composta pela variação da inflação medida pelo IPCA e por taxa de juros real prefixada mensalmente com o equivalente ao rendimento real das Notas do Tesouro Nacional–Série B (NTN-B).
A TJLP, reduzida na véspera a 7 por cento ao ano, tem vigência de um trimestre e é calculada com base na meta de inflação e no prêmio de risco do Brasil.
(Por Pedro Fonseca.)