A estratégia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as médias, pequenas e microempresas é "multiplataforma", incluindo o tradicional repasse de linhas de crédito para bancos comerciais, mas com reforço na concessão de seguro-garantia para crédito concedido por terceiros e, num "sonho" para o futuro, via participação acionária, afirmou nesta quinta-feira o presidente da instituição de fomento, Gustavo Montezano.
Se a atuação como provedor de "funding" em linhas de crédito repassadas por bancos comerciais será mantida, a atuação com garantias e avais para empréstimos concedidos por terceiros será reforçada. Segundo Montezano, a experiência do FGI Peac, uma das principais medidas do BNDES para mitigar a crise da covid-19, mostrou que a figura do "fiador de crédito" para o "herói nacional" (uma referência aos pequenos empresários) é "muito eficiente".
"Durante a pandemia aprendemos que temos que atuar com seguro de crédito. Podemos atuar e vamos atuar. O FGI Peac foi uma grande experiência que deu certo. Foram R$ 90 bilhões para pequenas e médias empresas", afirmou Montezano, referindo-se ao valor total de empréstimos garantidos pelo fundo de aval do BNDES, durante apresentação durante o Macro Day 2022, evento promovido pelo banco BTG Pactual (BVMF:BPAC11), com transmissão ao vivo pela internet.
Segundo Montezano, a estratégia "chegou para ficar" e será diversificada. O BNDES estuda novos fundos de aval, tanto com recursos próprios do banco de fomento quanto com recursos de terceiros, como governos estaduais e até mesmo recursos privados. Nesses casos, o banco de fomento atuaria como administrador dos fundos de aval.
Numa visão de futuro, Montezano disse ter o "sonho" de fazer um programa para investir em participações acionárias em pequenas empresas. Numa conta hipotética, o executivo afirmou que o banco poderia aplicar cerca de 10% do valor vendido de sua carteira de participações acionárias, em torno de R$ 80 bilhões desde 2019. Na conta, com R$ 8 bilhões, seria possível investir em 4 mil empresas, se o aporte médio fosse de R$ 2 milhões por firma.
"Imagina, se pegar 10% desse recursos, R$ 8 bilhões, que são cerca de 6% do patrimônio do BNDES, nada muito grave, e capitalizar 4 mil empresas brasileiras com 'equity'?", sugeriu Montezano.
Segundo o executivo, a proposta não é de fácil implementação. Dificilmente esses aportes poderiam ser feitos diretamente, será necessário constituir fundos e selecionar gestores.