SÃO PAULO (Reuters) - A Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) anunciou que firmou o primeiro contrato internacional para viabilizar a exportação de gás natural argentino ao Brasil por meio de infraestrutura de transporte da Bolívia, disse a companhia em nota em seu site na terça-feira.
O contrato envolve a francesa TotalEnergies e o Grupo Matrix Energia do Brasil (BVMF:ENBR3), que confirmaram a assinatura à Reuters, sem dar mais detalhes. YPFB não detalhou no comunicado o volume que o contrato vai viabilizar.
O governo brasileiro tem citado a importação de gás da Argentina como uma forma de aumentar a oferta do insumo e reduzir preços no Brasil, enquanto os argentinos trabalham para reverter o fluxo de um gasoduto, para que o insumo chegue aos brasileiros via Bolívia.
As obras do Gasoduto do Norte permitirão que o gás da importante reserva de Vaca Muerta, na província sulista de Neuquén, chegue às regiões argentinas ao norte e também a países vizinhos à Argentina, como Chile, Bolívia e Brasil.
"O acordo é o resultado de um esforço coordenado no âmbito da integração energética regional entre Argentina, Bolívia e Brasil", afirmou a companhia boliviana.
O Brasil quer importar até 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia da Argentina em 2030, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, recentemente.
Segundo Silveira, há um potencial inicial de importação de 3 milhões de metros cúbicos de gás por dia, que poderá aumentar para 10 milhões de metros cúbicos por dia nos próximos três anos.
O memorando de entendimento foi assinado entre os países.
Segundo a YPFB, o sistema de gasodutos dos três países representa um projeto crucial para a integração energética da América do Sul em benefício do mercado regional de gás.
O contrato com a YPFB foi assinado durante o “Fórum Internacional de Hidrocarbonetos, Fertilizantes, Energias Renováveis e Alternativas”, realizado na cidade de Santa Cruz.
Do lado argentino, a TotalEnergies obteve duas licenças de exportação para exportar gás natural para o Brasil tanto da Bacia Austral quanto da Bacia de Neuquén, por meio de contratos com a comercializadora de gás do Grupo Matrix, que foi autorizado a importar e comercializar o produto.
O transporte internacional será realizado pela YPFB até a fronteira com o Brasil.
(Por Marta Nogueira, Letícia Fucuchima e Roberto Samora; reportagem adicional de Eliana Raszewski na Argentina)