Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou praticamente estável nesta terça-feira, após sessão volátil, com o noticiário ligado à articulação política em Brasília no radar e sem uma tendência única no cenário externo.
O Ibovespa encerrou com variação negativa de 0,02 por cento, a 53.729 pontos, após oscilar entre a mínima de 53.436 pontos e a máxima de 54.002 pontos. O volume no pregão somou 6,25 bilhões de reais.
Agentes financeiros consideram essencial para a aprovação das medidas de ajuste fiscal uma melhor interlocução do governo da presidente Dilma Rousseff com o Congresso Nacional.
Na véspera, duas fontes disseram à Reuters que Dilma fez uma "sondagem" junto ao ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (peemedebista e ligado ao vice-presidente Michel Temer) para que ele assuma a Secretaria de Relações Institucionais do governo.
A mudança ainda depende da anuência do PMDB e o quadro segue indefinido, mas investidores começam a ver melhora na relação entre o governo e o Congresso, embora não descartem continuidade do elevado ruído político.
Para o analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets, é impossível governar e, principalmente, passar tantas medidas de ajuste fiscal, com fortes impactos desagradáveis na vida dos cidadãos, sem o apoio de um partido como o PMDB.
Em nota a clientes, ele destacou que, apesar de os desafios ainda serem significativos, a presidente Dilma está abandonando a política de confronto que, na visão dele, tanto marcou sua trajetória até o momento.
"O apoio irrestrito que tem dado ao ministro Joaquim Levy (da Fazenda) e o reconhecimento de que precisa mudar sua articulação política são as melhores sinalizações possíveis até o momento para o mercado de que há um bom entendimento do quadro cinza que se abate sobre nossa economia", afirmou.
PAPÉIS
Petrobras respondeu por fatia relevante da volatilidade do Ibovespa nesta sessão, com as persistentes dúvidas sobre a divulgação auditado da estatal e da distribuição de dividendos. As ações preferenciais e ordinárias da petroleira fecharam em alta de cerca de 2 por cento, após terem recuado mais cedo na mesma proporção.
A companhia não divulgou os números do terceiro trimestre e de 2014 revisados por auditores, nem tem data prevista para a apresentação, pois avalia o tratamento contábil dos "pagamentos indevidos" identificados na operação Lava Jato.
A pressão negativa para o Ibovespa veio particularmente do setor financeiro não bancário, com a ação da BBSeguridade recuando 3,40 por cento e da BM&FBovespa 2,27 por cento, enquanto a Vale contrabalançou, com forte avanço em meio à trégua na queda do preço do minério de ferro. As ações preferenciais da mineradora subiram 3,28 por cento, enquanto as ordinárias avançaram 4,8 por cento.
A Rumo Logística teve a maior queda percentual do índice, de 9,20 por cento, após avançar mais de 25 por cento nos últimos dois pregões.
Do noticiário corporativo, um dos destaques foi a eleição de novos membros do Conselho de Administração da Usiminas, incluindo o presidente, Marcelo Gasparino. A Ternium-Technit, um dos acionistas controladores da siderúrgica, disse que buscará medidas legais contra a assembleia da companhia.
As preferenciais da empresa caíram 4,95 por cento, enquanto as ordinárias, que não estão no Ibovespa, dispararam 9,32 por cento.