SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em baixa nesta sexta-feira, em movimento de ajuste após se aproximar da máxima histórica amparado no alívio com o cenário político.
Apesar da queda na sessão, o Ibovespa emplacou a sétima semana seguida de alta.
O Ibovespa fechou em queda de 0,45 por cento, a 73.078 pontos, encerrando a semana com alta acumulada de 1,6 por cento. O giro financeiro somou 8,5 bilhões de reais.
O índice abriu com tom mais positivo, mas sem firmeza e trocou de sinal algumas vezes, passando de alta de 0,32 por cento na máxima a queda de 0,66 por cento no momento mais fraco do pregão.
O recente bom humor entre os investidores, que levou o Ibovespa na quarta-feira a se aproximar da máxima histórica de fechamento, se deve à perspectiva de que o governo do presidente Michel Temer está melhor posicionado para avançar com a sua agenda de reformas no Congresso, especialmente após o pedido de abertura de investigação da delação de executivos da J&F, controladora da JBS (SA:JBSS3).
Esse otimismo ganhou mais força também após o Congresso concluir votações consideradas importantes esta semana, como a da criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) e aprovação das novas metas fiscais.
Ainda no cenário local, após o fechamento dos mercados na quarta-feira, o Banco Central cortou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, conforme o esperado, e indicou que vai desacelerar o ritmo de cortes de forma "gradual".
"O corte de juros é muito positivo num momento em que indicadores de atividade estão vindo mais favoráveis também. A atividade econômica começa, ainda que modestamente, a dar sinais de melhora", disse o economista da corretora Nova Futura Pedro Paulo Silveira.
O cenário externo, no entanto, favoreceu alguma cautela nesta sessão antes do fim do semana, com receios sobre os potenciais impactos da chegada do furacão Irma ao sul da Flórida, nos Estados Unidos.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN caiu 2,06 por cento e PETROBRAS ON recuou 2 por cento, em sessão de perdas para os preços do petróleo no mercado internacional e após a série de ganhos recentes que levou os papéis preferenciais a acumularem alta de 11,7 por cento nos últimos cinco pregões.
- VALE ON teve baixa de 3,69 por cento, em linha com o movimento dos contratos futuros do minério de ferro na China.
- GERDAU (SA:GGBR4) PN perdeu 5,34 por cento, liderando a ponta negativa do índice, em dia de queda para os contratos futuros do minério de ferro e do aço na China, e também após o Credit Suisse cortar a recomendação do papel para "neutra", de "outperform".
- CSN (SA:CSNA3) ON avançou 1,73 por cento, no melhor desempenho entre as siderúrgicas que compõem o Ibovespa, ainda na esteira do mais recente anúncio de reajuste em preço do aço e depois que o Credit Suisse melhorou a recomendação da ação para "neutra", ante "underperform".
- ELETROBRAS ON subiu 3,3 por cento e ELETROBRAS PNB ganhou 4,36 por cento, com os papéis mantendo o tom otimista recente após o anúncio dos planos de privatização da empresa. Os papéis ganharam mais fôlego em meio ao pedido de consulta do governo sobre a possibilidade de abrir mão do direito de veto, a chamada "golden share", sobre certas decisões estratégicas em algumas empresas que serão ou foram privatizadas.
- JBS ON avançou 2,76 por cento, dando sequência ao movimento de recuperação iniciado na quarta-feira, após a ação despencar mais de 8 por cento no início da semana com o pedido de abertura de investigação da delação de executivos da controladora J&F. A recuperação vem conforme diminuem os receios de que a provável anulação dos benefícios aos delatores respingue no acordo de leniência da empresa.
(Por Flavia Bohone)