Por Jessie Pang e James Pomfret
HONG KONG (Reuters) - A polícia de Hong Kong sitiou uma universidade nesta segunda-feira, disparando balas de borracha e gás lacrimogêneo para reprimir manifestantes antigoverno munidos de coquetéis molotov e outras armas e impedi-los de fugir, em meio a temores de uma repressão sangrenta.
Sufocados com o gás lacrimogêneo, dezenas tentaram deixar a Universidade Politécnica rompendo as formações policiais depois de uma noite de caos na cidade sob controle chinês, durante a qual ruas foram interditadas, uma ponte foi incendiada e um policial foi atingido com arco e flecha.
Muitos manifestantes, vestidos com roupas normais e sem máscaras, tentaram fugir, desviando de cilindros de gás lacrimogêneo e granadas de esponja, mas foram forçados a voltar para dentro do campus.
Alguns foram presos e derrubados no chão, enquanto outros corriam e saltavam sobre barricadas e cercas enquanto a polícia lhes apontava armas e desferiam murros.
"A polícia pode não invadir o campus, mas parece que está tentando pegar as pessoas enquanto elas tentam escapar", disse o parlamentar democrata Hui Chi-fung à Reuters.
"Não está nada promissor. Eles podem ser todos presos no campus. Parlamentares e a administração da escola estão tentando contato com a polícia, mas fracassaram".
A polícia disse que agentes foram mobilizados "na periferia" do campus durante uma semana, apelando para que os "arruaceiros" partam.
"Todos nossos alertas foram ignorados", disse a corporação em um comunicado. "Nossa mensagem foi alta e clara, a violência degenerou em tumulto".
Segundo a polícia, "produtos químicos tóxicos e perigosos" foram roubados do laboratório da universidade.
"Precisamos alertar que o campus da universidade se tornou um barril de pólvora onde o perigo está muito além do que podemos estimar", disse a polícia.
A corporação prendeu 154 pessoas de 13 a 54 anos de idade durante o final de semana. Trinta e oito pessoas ficaram feridas na madrugada de domingo, informou a Agência Hospitalar. Testemunhas da Reuters viram alguns manifestantes com queimaduras de produtos químicos lançados por canhões de água da polícia.
Os ativistas estão revoltados com o que veem como uma interferência da China nas liberdades prometidas a Hong Kong quando a ex-colônia britânica voltou ao controle chinês em 1997. Pequim se diz comprometida com a fórmula "um país, dois sistemas".