Rio de Janeiro, 30 abr (EFE).- O Brasil acumulou no primeiro trimestre do ano um superávit fiscal primário de R$ 30,7 bilhões, o pior saldo para as contas públicas no período nos últimos quatro anos, informou nesta terça-feira o Banco Central.
As contas públicas brasileiras, afetadas pelo aumento das despesas e uma menor arrecadação de impostos, também registraram em março seu menor superávit fiscal para o mês desde 2010, que foi de R$ 3,5 bilhões.
O superávit fiscal primário é a diferença entre os ingressos e as despesas do setor público brasileiro, incluindo o Governo central, administrações regionais e empresas estatais, sem levar em conta os recursos destinados ao pagamento de juros.
O Brasil, por acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), utiliza o superávit primário como referência da saúde de suas contas públicas e de sua capacidade para pagar as incumbências de sua dívida.
O Governo se impôs como meta terminar 2013 com uma economia fiscal de R$ 155,9 bilhões, mas nos últimos 12 meses, até março, o superávit apenas chegou R$ 89,6 bilhões.
A economia do Estado brasileiro vem minguando nos últimos meses devido às medidas adotadas pelo Governo para fazer frente à crise econômica internacional, que incluem generosas isenções de impostos aos setores mais afetados.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, reconheceu que os resultados decepcionantes em março e no primeiro trimestre que obedecem às medidas adotadas pelo Governo, reduzindo os impostos para setores em crise e as incumbências sobre as relações de empregados salariais das empresas para incentivar a oferta de emprego.
"A atividade econômica mostra uma recuperação, mas ainda hoje há um defasagem antes da recuperação dos ingressos", afirmou Maciel ao indicar que, na opinião do Governo, as medidas de incentivo vêm dando o resultado esperado, mas as isenções serão mantidas até que o crescimento se consolide.
Segundo o funcionário, o Brasil vem registrando dificuldades para alcançar sua meta de superávit primário desde 2009 como consequência da crise não só pela renúncia do Governo à cobrança de todos os impostos, mas também pela menor atividade econômica.
O Brasil terminou 2012 com um superávit primário de perto de US$ 52,5 bilhões, menor ao de 2011 e 24,9% inferior à meta que tinha sido imposta para o ano (US$ 69,9 bilhões). EFE