Lisboa, 10 jun (EFE).- A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que impulsionará os investimentos e a cooperação em energia, tecnologia e cultura durante a visita que realizou a Portugal, na qual participou também da entrega do Prêmio Camões.
A segunda visita à antiga metrópole realizada pela presidente desde que assumiu o cargo em 2011 foi encerrada com uma declaração conjunta e acordos para facilitar os vistos de trabalho, a mobilidade profissional e o reconhecimento dos títulos de arquitetos e engenheiros.
Dilma e o presidente português, Aníbal Cavaco Silva, fizeram breves declarações, sem direito a perguntas, nas quais expressaram o interesse dos dois países em aumentar seus intercâmbios econômicos e a colaboração em tecnologia e inovação.
A presidente, acompanhada por cinco de seus ministros, se reuniu também com o primeiro-ministro luso, Pedro Passos Coelho, no que constituiu a 11ª cúpula bilateral realizada entre os dois países.
Na declaração final dessa reunião, as duas nações manifestaram seu compromisso de promover a língua portuguesa, cujo dia internacional se celebra hoje, e fomentar a cooperação entre os oito países que falam o idioma no mundo.
Entre outros assuntos internacionais, condenaram a violência na Síria e destacaram a importância de que a Europa retome o mais rápido possível o caminho do crescimento econômico.
Dilma, que retorna ainda hoje ao país, participou com Cavaco no jantar de honra no qual foi entregue o Camões, prêmio literário mais importante da língua portuguesa, ao escritor moçambicano, Mia Couto, conhecido por obras como "Terra Sonâmbula" (1992) e "A Confissão da Leoa" (2012).
O prêmio, organizado todos os anos de forma alternada em Portugal e Brasil, leva o nome do poeta luso Luis Vaz de Camões (1524-1580) e o vencedor foi anunciado no mês passado no Rio de Janeiro.
A coincidência da presença de Dilma em Portugal com o dia da língua e das comunidades lusófonas foi destacada pelos dois governos, que se felicitaram pela programação cultural iniciada desde 2012 por ocasião do "Ano de Portugal no Brasil" e do "Ano do Brasil em Portugal".
A presidente ressaltou essas iniciativas e as oportunidades que se abrem às indústrias criativas das duas nações, em domínios como o audiovisual e a moda.
"São uma demonstração de como são fortes os vínculos na área cultural", declarou ao elogiar a "capacidade e criatividade" que evidenciaram.
No plano econômico, Dilma assegurou que com Portugal há "todo o interesse em ampliar a relação comercial" e manifestou ainda sua "preocupação pela situação social e pelo desemprego" na Europa por causa da crise econômica.
Por sua vez, Cavaco expressou o respaldo luso ao Brasil em assuntos como a participação no Conselho de Segurança da ONU e nas relações com a União Europeia (UE).
Além disso, destacou as "relações estratégicas" de seu país com o Brasil, o apoio internacional que sempre lhe deu e a "satisfação" pelo reconhecimento do peso político do país na cena mundial.
O presidente português convidou o Brasil a fixar-se nas possibilidades que Portugal oferece e se mostrou seguro que esta visita "contribuirá para alertar os empresários brasileiros dessas oportunidades".
Dilma considerou uma prioridade a cooperação em tecnologia, ciência e inovação, área na qual os dois países concordaram em colaborar através do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia de Braga, constituído por Portugal e pela Espanha, que está também associada aos acordos com o Brasil.
A presidente, que chegou a Lisboa no domingo, visitou também um centro cultural brasileiro em Lisboa e se reuniu com o líder da oposição socialista, António José Seguro, e com o ex-chefe de Estado e referência desse partido, Mário Soares. EFE
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