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Brasil precisa elevar em 40% safra de café até 2030 para garantir dominância, diz OIC

Publicado 23.11.2017, 14:24
© Reuters. Cafezal é visto em propriedade em Espírito Santo do Pinhal, Brasil
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Por José Roberto Gomes

MATA DE SÃO JOÃO, Bahia (Reuters) - O Brasil, maior produtor e exportador global de café, terá de elevar a sua produção em cerca de 40 por cento ou 20 milhões de sacas até 2030, para manter a atual participação dominante na safra mundial da commodity, estimou o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro José Sette.

O prognóstico do diretor da OIC leva em consideração um crescimento de 2 por cento ao ano na demanda mundial pelo produto, até 2030.

Nesse cenário, a produção mundial teria de crescer 49 milhões de sacas até 2030 para atender a demanda, disse Sette.

"Com a demanda crescendo 2 por cento ao ano, o Brasil, se quiser manter sua parcela de 40 por cento no mercado (safra global) terá de produzir cerca 20 milhões de sacas a mais até 2030", afirmou Sette durante a abertura do 25º EnCafé, evento do setor promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), na noite de quarta-feira.

Já em uma visão otimista, de aumento do consumo 2,5 por cento ao ano, a produção global teria de crescer 64 milhões de sacas no período, enquanto numa perspectiva conservadora, de demanda 1 por cento maior ao ano, a expansão precisaria ser de 23 milhões de sacas.

Se o Brasil --segundo consumidor global de café atrás dos Estados Unidos-- produz historicamente 40 por cento da safra global, sua participação na exportação é um pouco menor, mas igualmente relevante.

Na temporada 2016/17 (outubro/setembro), a OIC contabilizou exportações de 35,8 milhões de sacas de cafés naturais do Brasil, de um total de exportações globais de 122,45 milhões de sacas, o que significa uma parcela brasileira do mercado global de cerca de 30 por cento.

2018

Pela mais recente estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra deste ano o Brasil somou 44,77 milhões de sacas de café arábica e conilon (robusta), queda de 12,8 por cento na comparação com 2016.

Para o próximo ano, há a expectativa de uma colheita maior, por ser um ciclo de bienalidade positiva para o arábica, mas a estiagem em setembro e outubro, durante a floração dos cafezais, deixou o setor receoso quanto ao potencial produtivo em 2018.

"Ainda é um pouco cedo para qualquer definição de safra (no Brasil). Só teremos isso lá para janeiro", alertou Sette em conversa com jornalistas, no evento na Praia do Forte, distrito de Mata de São João (BA).

O diretor-executivo da OIC destacou que o Brasil tem condições de elevar sua produção nos próximos anos, apesar da área menor, desde que com investimentos e outros tipos de ações na atividade.

© Reuters. Cafezal é visto em propriedade em Espírito Santo do Pinhal, Brasil

"Há o desafio da sustentabilidade econômica, que passa por renda adequada, maior produtividade, acesso a mercados e transparência, acesso a financiamentos", comentou Sette. "O importante é baixar o custo (de produção)".

Ele destacou que o setor tem ainda os desafios de sustentabilidade ambiental, envolvendo por exemplo a adoção de boas práticas agrícolas e manejo adequado de recursos hídricos e de terreno, e de sustentabilidade social, que passa por organizações representativas mais eficazes e igualdade de gênero.

Nos últimos 20 anos, a produção de café no Brasil dobrou, apesar de a área ter caído 39 por cento. Isso se deu graças a um salto de 225 por cento na produtividade, que chega hoje a 1.550 kg por hectare, afirmou Sette.

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