Rio de Janeiro, 23 jan (EFE).- O Brasil registrou em 2012 um déficit recorde de US$ 54,246 bilhões em suas transações correntes com o exterior, equivalente a 2,40% do Produto Interno Bruto (PIB), devido entre outras razões à queda da demanda por produtos nacionais e a despesa dos turistas no exterior, informou nesta quarta-feira o Banco Central (BC).
A diferença negativa entre os recursos que o Brasil envia ao exterior e os que recebe de outros países atingiu no ano passado seu maior valor desde que o BC começou a medir o indicador, em 1947.
O déficit em conta corrente do ano passado superou os US$ 52,5 bilhões registrado em 2011 e os US$ 47,5 bilhões de 2010.
O déficit de 2011 foi equivalente a 2,12% do PIB. Apesar do resultado negativo nas contas externas, o Brasil conseguiu financiar o déficit em suas transações correntes pois o investimento externo direto no ano passado foi de US$ 65,3 bilhões, abaixo do recorde de US$ 66,6 bilhões de 2011 mas o segundo maior valor da história.
Com uma menor demanda dos produtos nacionais devido à crise, o superávit na balança comercial brasileira caiu de US$ 29,7 bilhões em 2011 para US$ 19,4 bilhões no ano passado. Já as despesas dos turistas brasileiros no exterior alcançaram em 2012 o recorde de US$ 22,2 bilhões, acima dos US$ 21,2 bilhões de 2011, apesar da crise econômica e da alta do dólar.
"A massa salarial real tem crescido em torno de 6%, tanto pelo aumento do salário quanto pelo aumento do emprego. Isso motiva gastos com viagens. Boa parte destes destinos são países com conjuntura econômica fragilizada", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.
O déficit brasileiro em conta corrente não foi maior graças à inesperada queda nas remessas ao exterior de lucros e dividendos de empresas transnacionais que atuam no Brasil.
As remessas vinham crescendo devido à crise nos países desenvolvidos, onde fica a matriz da maioria das transnacionais, mas no ano passado caíram para US$ 24,110 bilhões, frente aos US$ 38,160 bilhões de 2011.
A redução das remessas foi atribuída tanto pela queda dos lucros das empresas em função da crise como em razão da valorização do real em relação ao dólar. EFE