Rio de Janeiro, 16 abr (EFE).- Em uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entidade ligada ao Ministério da Saúde, o governo investirá R$ 430 milhões nos próximos cinco anos para voltar a produzir insulina no país humana, anunciou a presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira.
De acordo com o governo, a parceria, que também contará com participação da empresa privada Biomm Technology, vai permitir a construção de uma fábrica do produto na cidade de Nova Lima, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte.
Desta forma, o país voltará a produzir o principal medicamento contra o diabetes, que havia sido interrompida em 1999, e voltará a integrar o exclusivo grupo de quatro países com tecnologia e capacidade para fabricar insulina.
A produção nacional de insulina foi paralisada em 1999, quando o laboratório Biobrás, que produzia a substância e a fornecia ao Sistema Único de Saúde (SUS), foi comprada pela multinacional Novo Nordisk. Desde então, o Brasil passou a depender de importações.
Ao todo, serão investidos R$ 430 milhões, sendo R$ 80 milhões viabilizados pelo Ministério da Saúde, em parceria com a empresa privada Biomm, e o restante por meio de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
Segundo um comunicado do Ministério da Saúde, a previsão é que a fábrica comece a operar já em 2015 e, após dois anos, já atenda toda a demanda nacional de insulina.
Com apoio e financiamento público, a Biomm construirá a fábrica para desenvolver e produzir insulina, além de outros medicamentos biológicos, para aproveitar a tecnologia já patenteada que possui para fabricar proteínas recombinantes.
"É impossível que um país como o Brasil tenha uma indústria debilitada. Temos uma grande vantagem que é o mercado de 200 milhões de habitantes. Temos que transformar esse mercado em uma plataforma para o mundo", afirmou Dilma durante a cerimônia oficial na qual foi assinado o acordo de associação público-privada.
De acordo com o governo, que ressaltou que apenas Estados Unidos, Dinamarca e Ucrânia produzem insulina, a fábrica atenderá 1,5 milhão de diabéticos em postos públicos de saúde (que receberão gratuitamente o medicamento) e outros 8,5 milhões em farmácias privadas.
"A indústria brasileira tem que competir hoje no mercado global com preço, prazo e qualidade. Não é admissível que o Brasil apenas substitua importações. Estamos dando um passo importante ao unir pesquisa e indústria para aumentar a produtividade", acrescentou a presidente ao indicar que a fábrica também produzirá para o mercado externo.
De acordo com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, o Brasil está entre os cinco maiores mercados consumires de qualquer produto, desde grampos para cabelo até aviões.
"Quem tem um mercado desses tem a obrigação de contar com uma produção própria e de qualidade, assim como o domínio tecnológico", afirmou o ministro.
A retomada da produção de insulina no país se soma aos acordos de transferência tecnológica assinados na última semana entre multinacionais do setor e laboratórios brasileiros para poder produzir no país pelo menos oito remédios atualmente importados.
Tais acordos gerarão uma economia de R$ 350 milhões aos cofres públicos em cinco anos, já que a maioria desses remédios é adquirida pelo Estado para ser distribuída gratuitamente nos postos de saúde. EFE