Por Sonali Paul
MELBOURNE (Reuters) - O cardeal George Pell, ex-tesoureiro do Vaticano, compareceu a um tribunal australiano nesta quarta-feira para uma audiência de apelação para tentar reverter condenações pelo abuso sexual de dois meninos que cantavam no coro do igreja nos anos 1990.
Pell, que sempre alegou inocência, apareceu de terno preto e colarinho de padre em sua primeira aparição pública desde março, pouco depois de se tornar a autoridade católica mais graduada a ser condenada pelo abuso sexual de crianças.O religioso de 77 anos foi preso depois de ser condenado a 6 anos de reclusão por cinco acusações de abusar de dois meninos de 13 anos na Catedral de São Patrício quando era arcebispo de Melbourne mais de 20 anos atrás.A audiência de apelação na Suprema Corte do Estado de Vitória durará dois dias, mas um veredicto pode demorar semanas. Pell pode ser libertado ou enfrentar um novo julgamento se a corte decidir a seu favor.O tribunal estava repleto de advogados, jornalistas e membros do público, e do lado de fora alguns manifestantes portavam cartazes denunciando a Igreja Católica.O juiz do primeiro julgamento de Pell, ocorrido em março, disse que, devido à idade, o ex-tesoureiro do Vaticano pode morrer na prisão.Agora seu destino está nas mãos dos três juízes que analisarão a apelação.Pell está apelando de sua condenação com três argumentos: o veredicto do júri foi "injusto" com base nos indícios, o juiz errou ao impedir a defesa de mostrar um infográfico em seus argumentos finais e houve uma "irregularidade fundamental" porque Pell não se pronunciou fisicamente na presença do corpo de juízes, mas através de uma teleconferência.Na apelação, Pell alega que todo o caso se sustentou no relato de uma das duas vítimas e que havia "ao menos 13 obstáculos sólidos no caminho de uma condenação"."Independentemente da visão que se tenha adotado do requerente como testemunha, simplesmente não cabia ao júri aceitar sua palavra além da dúvida razoável", disse a apelação à corte.O advogado de Pell, Bret Walker, disse ao tribunal que seu cliente não poderia ter estado na sacristia no momento dos acontecimentos porque estaria na escadaria da catedral após a missa, uma questão que não foi contestada no julgamento.O requerente disse que o primeiro abuso ocorreu na sacristia após a missa no final de 1996.