Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de alimentos BRF realiza na próxima semana reuniões com investidores na Europa para apresentar proposta de realizar o que seria a primeira emissão dos chamados "green bonds" por uma companhia brasileira, numa captação em euros também inédita para a corporação.
A operação está sendo planejada após a empresa ter tido seu rating elevado na terça-feira pela agência de risco Standard & Poor's de "BBB-" para "BBB", um degrau acima da classificação de crédito soberano em moeda estrangeira do Brasil.
"Para a BRF, a possível captação traz três inovações: a primeira emissão com rating 'BBB', a primeira em euros e a primeira emissão de 'green bonds'", afirmou o diretor financeiro e de Relações com Investidores da BRF, Elcio Ito, à Reuters por telefone.
O executivo não revelou o montante que a empresa poderia captar em euros.
O "green bond" é um título de dívida com alguns atributos adicionais, exigindo que os recursos captados sejam aplicados em projetos ambientalmente sustentáveis. Há investidores no exterior que só aplicam nesse tipo de instrumento.
"Isso amplia a base de potenciais investidores", disse Ito, ressaltando que a empresa já tem projetos sustentáveis para aplicar os recursos que podem ser captados.
Segundo o IFR, serviço de notícias financeiras da Thomson Reuters, a BRF contratou os bancos BNP Paribas (PARIS:BNPP), Bank of America Merrill Lynch, Citigroup, Deutsche Bank, Morgan Stanley (NYSE:MS) e Santander para agendar encontros com investidores na Europa, antes da potencial venda dos títulos verdes.
Quase que simultaneamente à possível captação em euros, a BRF anunciou nesta quarta-feira uma recompra de títulos com vencimentos em 2017, 2020 e 2022.
"São duas operações distintas, mas dentro de estratégias vinculadas", disse Ito. "Vamos tirar um pouco de dívida do mercado e, ao mesmo tempo, podemos colocar uma dívida nova. Do ponto de vista de caixa, ela é neutra para a companhia, mas estou melhorando o custo do endividamento de forma consolidada, estou diversificando a minha base de investidores."
O movimento ocorre no momento em que a companhia, maior exportadora de carne de frango do mundo, tem avançado no exterior, com uma unidade industrial de alimentos congelados em Abu Dhabi e também por meio de joint ventures em países da Ásia, como a Indonésia, onde vê um mercado com elevado potencial.