SÃO PAULO (Reuters) - A BRMalls vê o segundo trimestre mais desafiador em termos de vendas no conceito mesmas lojas do que o primeiro trimestre, por conta de uma base de comparação mais elevada e fatores sazonais, disse nesta terça-feira o presidente da administradora de shopping centers, Ruy Kameyama.
Segundo Kameyama, a base de comparação é elevada, uma vez que o desempenho um ano antes foi favorecido pela liberação dos recursos das contas inativas do FGTS. Além disso, a Páscoa beneficiou o resultado dos três primeiros meses deste ano e ficará de fora do segundo trimestre, enquanto a realização da Copa do Mundo também deve reduzir o fluxo nos shoppings.
No primeiro trimestre, as vendas no conceito mesmas lojas subiram 2,7 por cento, após ganho de 0,4 por cento um ano antes. Já no segundo trimestre do ano passado, essa linha teve alta de 5,3 por cento.
Os comentários do executivo foram feitos durante teleconferência com analistas para comentar os resultados referentes ao primeiro trimestre da empresa, que mostrou lucro ajustado de 150,4 milhões de reais, alta de 36 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, dentro de um cenário de retomada da economia mais lenta do que o esperado.
Kameyama destacou que o desempenho das vendas no conceito mesmas lojas para os próximos trimestres vai depender de variáveis como a velocidade da recuperação econômica e o desenrolar das eleições.
Para ele, a empresa está no caminho certo para manter inadimplência em patamares mais baixos, após o indicador de inadimplência líquida ficar em 4,8 por cento no primeiro trimestre deste ano, ante 7,3 por cento um ano antes.
De janeiro a março, a despesa com provisão para atrasos (PDD) e perdão de dívida caiu 82 por cento na comparação anual, para 6,6 bilhões de reais.
Às 12:35, as ações da BRMalls subiam 3,4 por cento, enquanto o Ibovespa caía 0,3 por cento.
Para analistas do JPMorgan, a empresa reportou bons números referentes ao primeiro trimestre, acima do esperado pelo banco.
"A BRMalls reportou uma margem Ebitda sólida de 77 por cento, no maior nível desde o quarto trimestre de 2015, uma vez que as provisões somaram apenas 6,6 bilhões de reais ante 36,7 bilhões de reais um ano antes... e indicando que as margens devem continuar a melhorar em relação aos resultados de 2016 e 2017, conforme a empresa começa a se beneficiar da recuperação da economia", escreveram os analistas liderados por Marcelo Motta.
De janeiro a março, a rotatividade das lojas da BRMalls foi de 8,5 por cento, acima do verificado um ano antes, de 7 por cento. Segundo Kameyama, o número ainda está acima da média histórica da empresa, mas o movimento necessário para ter uma base mais saudável de lojistas.
Na véspera, a BRMalls anunciou uma parceria e investimento não majoritário na Delivery Center, com objetivo de desenvolver modelo de entregas que usará shopping centers como centrais de distribuição.
Segundo Kameyama, essa parceria, que vai trabalhar com modelos de entregas no mesmo dia ou em até uma hora através de shopping centers, vai aproximar a empresa dos lojistas na busca por novas soluções de longo prazo.
(Por Flavia Bohone)