Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - Os termos da compra da gestora de recursos suíça BSI livram o BTG Pactual de desdobramentos financeiros decorrentes de eventuais processos nos Estados Unidos, disse nesta segunda-feira o presidente-executivo da instituição brasileira, André Esteves.
"O banco vai vir limpinho para nós", disse Esteves a jornalistas em teleconferência para detalhar a operação, explicando que o assunto foi acertado com a italiana Generali, de quem o BTG comprou a BSI.
Várias instituições financeiras suíças estão sendo alvos de processos custosos nos Estados Unidos, sob acusação de ajudarem clientes ricos a sonegarem impostos.
Esteves disse que a operação já torna o BTG Pactual uma das maiores instituições globais em gestão de recursos, com o equivalente a cerca de 500 bilhões de reais administrados.
O BTG Pactual anunciou nesta manhã que comprou da seguradora italiana Generali o private bank suíço BSI por 1,5 bilhão de francos suíços (1,7 bilhão de dólares), numa transação em dinheiro e ações que dobrará os ativos sob gestão do banco brasileiro. A operação marca a maior aquisição do BTG Pactual no exterior.
Segundo Esteves, o negócio torna o braço de gestão de recursos responsável por mais de metade das receitas do grupo BTG Pactual. Além disso, mais de 50 por cento dos funcionários do BTG agora estão sediados fora da América Latina.
"Achamos que já somos um player global em gestão de recursos, mas ainda podemos ir muito longe", disse Esteves.
O otimismo deve-se, entre outros fatores, às necessidades de grandes instituições financeiras em mercados maduros a se desfazerem de operações consideradas não prioritárias para liberar capital, disse o executivo. Assim, podem se enquadrar a regras mais rígidas de capitalização previstas para os próximos anos.
Além disso, disse o Esteves, o fim do ambiente de sigilo bancário na Suíça agora fará o mercado ter o desempenho como diferencial, algo que o BTG tem se destacado, devido ao foco da remuneração de seus executivos em resultados.
Os mercados latino-americanos seguem como prioridade para a expansão do grupo, ressaltou o executivo, que disse ver grandes oportunidades na Argentina e no México, mas ressalvou que a presença nos mercados-chave já está consolidada.
Esteves disse ainda que, apesar da área de gestão assumir uma posição majoritária nos resultados do grupo, o relacionamento mais próximo com grandes clientes no exterior abrirá novas oportunidades para o braço de banco de investimento do BTG.
Ele reiterou a meta do grupo de manter a rentabilidade sobre o patrimônio acima de 20 por cento.
Às 13h01, as units do BTG Pactual exibiam alta de 0,23 por cento, a 34,23 reais, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 1,73 por cento.
O anúncio da compra do BSI ocorreu dias depois que o BTG divulgou assinatura de documentos definitivos para compra de negócios da resseguradora Ariel Re, que tem sede em Londres. Em abril, o BTG comprou participação de 2 por cento no italiano Monte dei Paschi di Siena.