BRASÍLIA (Reuters) - Em discurso no Rio de Janeiro, na noite desta segunda-feira, o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad , afirmou que o país vive uma "anarquia jurídica" e não há mais parâmetros para julgamentos.
Haddad comentava as decisões contraditórias do Supremo Tribunal Federal que autorizaram e depois suspenderam, mais de uma vez, a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dar ou não entrevista para o jornal Folha de S.Paulo.
Na sexta-feira, o ministro Ricardo Lewandowski autorizou a entrevista. No mesmo dia, seu colega Luiz Fux cancelou a decisão de Lewandowski, abrindo uma crise interna entre os ministros. Nesta segunda, Lewandowski determinou o cumprimento da sua decisão inicial, mas à noite o presidente do STF, Dias Toffoli, mandou suspender a decisão e manter a proibição determinada pela liminar de Fux.
"A gente não sabe mais o que é direito, o que é certo nesse país, não se tem mais parâmetro para julgar nada. Estamos em uma anarquia jurídica. Isso traz insegurança para todo mundo, inclusive para quem quer fazer o bem, quem está do lado do povo", disse Haddad, que chamou de "bate-cabeça" dos ministros a guerra de decisões. "Nós vamos restabelecer o Estado Democrático de Direito".
Haddad disse ainda que há um "despertar no país" para os riscos que se está correndo para a democracia, os direitos políticos, civis e sociais, aludindo, sem citar, o risco de uma eleição do candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)