Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - A Casas Bahia vê a demanda ainda pressionada, sem perspectiva de melhora no curto prazo, mesmo para as categorias centrais da empresa, disse o presidente-executivo da varejista, Renato Franklin, nesta quinta-feira.
"A gente ainda não tem sentimento de melhora na demanda", disse Franklin em conferência com analistas após a publicação de resultados de terceiro trimestre da companhia na noite da véspera.
"Mesmo em categorias 'core', essa demanda continua bastante pressionada e sem ainda uma perspectiva de melhora no curto prazo", acrescentou.
Segundo o executivo, o plano de reestruturação da companhia, anunciado em agosto, já considerava esse "cenário ruim" - que, de acordo com Franklin, "está se confirmando" - e a expectativa é ver alguma melhora no segundo semestre de 2024.
"Não temos previsão de ver melhora, do ponto de vista macro e de crédito ao consumidor, antes disso", acrescentou.
O presidente-executivo ressaltou que a redução nos juros e outras alavancas estratégicas da empresa, como o FDIC, ajudam a "destravar" o crediário, "mas do ponto de vista de demanda, a gente continua vendo o mesmo cenário, tanto em móveis, quanto em eletrodomésticos, quanto em telefonia, bastante comprimido".
Questionado sobre as perspectivas sobre o quarto trimestre, o presidente do grupo afirmou querer usar os meses de outubro a dezembro para "arrumar a casa".
"A gente não quer deixar nenhum risco para 2024", disse, apontando para um quarto trimestre melhor devido a fatores sazonais como Black Friday e Natal, mas que, do ponto de vista de margem líquida, não poderá ser usado como referência.
"O quarto trimestre é um passo importante para a gente terminar de 'arrumar a casa' e entrar 2024 já num outro ritmo", afirmou, acrescentando que a reestruturação da companhia levará alguns trimestres e que a expectativa é de 2025 seja um ano em que o foco da companhia estará em buscar retorno sobre capital investido no varejo.
"A gente quer entrar 2025 bem arrumado, para isso, a gente quer tentar tudo o que puder consertar agora, em 2023, para entrar 2024 já 'mais limpo'."
A Casas Bahia teve prejuízo líquido de 836 milhões de reais para o terceiro trimestre, salto de 311,8% em comparação ao prejuízo registrado um ano antes, com queda de vendas e impactos de sua nova estratégia de negócios.
O presidente-executivo ainda disse que planeja expandir o número de lojas físicas a partir do momento em que a companhia estiver gerando caixa, o que deve acontecer entre o fim de 2024 e o início de 2025.
O executivo disse ver oportunidade de crescimento no mercado "offline" em regiões como Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país, onde a participação de mercado da Casas Bahia ainda é pequena (cerca de 12%) em relação ao "market share" no Sudeste (entre 35% a 40%).
"A gente tem oportunidade de abrir bastante loja física, a gente tem 200 cidades mapeadas, (locais) que a gente deveria ter uma loja da Casas Bahia, a gente só não vai abrir isso agora porque só vamos começar a expansão depois que nosso fluxo de caixa estiver superior ao pagamento de juros."