Por Joe Brock
SEATTLE, Estados Unidos - Os trabalhadores em greve da Boeing (NYSE:BA) realizaram uma grande manifestação em Seattle nesta terça-feira cobrando da companhia um acordo salarial melhor e aumentando a pressão sobre a empresa que enfrenta dificuldades financeiras.
Centenas de trabalhadores lotaram o salão principal da sede do sindicato da Boeing na cidade gritando "Um dia a mais, um dia mais forte!".
Do lado de fora, trabalhadores da fabricante de aviões disseram que os 17.000 cortes de pessoal anunciados pela empresa na semana passada não os impedirão de continuar lutando por salários mais altos e uma aposentadoria melhor.
Cerca de 33 mil trabalhadores sindicalizados da Boeing na Costa Oeste dos Estados Unidos, a maioria no Estado de Washington, estão em greve desde 13 de setembro. Os trabalhadores cobram reajuste salarial de 40% ao longo de quatro anos.
"Queremos que a gerência da Boeing saiba que somos fortes e unidos e que suas táticas de intimidação não funcionarão", disse Matthew Wright, um eletricista de 52 anos que trabalha na linha de produção do jato 767. "Não temos medo deles."
A demonstração de força ocorre em um momento em que a Boeing se movimenta para dar a si mesma espaço financeiro para respirar em Wall Street. Nesta terça-feira, a companhia anunciou uma janela de até 25 bilhões de dólares em ofertas de ações e dívidas nos próximos três anos, bem como um contrato de crédito de 10 bilhões de dólares. As ações da Boeing subiram 2% nas negociações do final da tarde.
Na semana passada, a Boeing retirou sua última oferta, que incluía um aumento salarial de 30% em quatro anos, após fracasso das negociações.
A Secretária do Trabalho dos EUA em exercício, Julie Su, reuniu-se com a Boeing e o sindicato em Seattle nesta segunda-feira, em uma tentativa de romper o impasse, em sua primeira intervenção pessoal na disputa.
A deputada Pramila Jayapal fez um discurso duro na manifestação desta terça-feira e criticou a Boeing por priorizar bônus dos executivos e recompra de ações em detrimento da remuneração dos trabalhadores. A legisladora, cujo distrito inclui a maior parte de Seattle, pediu ao presidente-executivo da Boeing, Kelly Ortberg, ações para o fim da greve.
"Ele tem a oportunidade de reverter essa situação e realmente dar a vocês o contrato que merecem, para que possamos voltar a fabricar aviões de qualidade", disse ela. "Vamos fazer de Seattle a cidade da Boeing novamente!"
Em meados de novembro, a Boeing enviará comunicações da aviso prévio aos funcionários que estão sendo demitidos. Uma segunda fase está planejada para dezembro, se necessário. Todos os trabalhadores demitidos deverão deixar a folha de pagamento da companhia até o final de fevereiro, disseram fontes do setor.