Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale (SA:VALE5) deverá seguir cortando investimentos e precisa seguramente ter uma dívida líquida inferior a 15 bilhões de dólares, afirmou nesta quinta-feira o diretor-presidente da companhia, Fabio Schvartsman, em sua primeira teleconferência sobre resultados financeiros da empresa após assumir o cargo, em maio deste ano.
Na gestão anterior de Murilo Ferreira, a empresa tinha como meta reduzir sua dívida líquida para o intervalo entre 15 bilhões e 17 bilhões de dólares até o fim deste ano.
"Eu pessoalmente não tenho como target 15 bilhões de dólares para o endividamento da companhia", disse Schvartsman, ao ser questionado sobre a meta por um analista de mercado.
"Eu não acho que seja razoável para uma empresa de commodities, que tem uma forte concentração em uma commodity, como é o caso da Vale, de carregar dívida. A dívida da Vale tem que ser o menor possível, seguramente menor do que 15 bilhões e esse é o nosso objetivo."
A Vale, maior produtora global de minério de ferro, registrou lucro líquido de 60 milhões de reais entre abril e junho, queda de 98,3 por cento ante o mesmo período do ano passado, apesar de um recorde histórico na produção da empresa no Sistema Sudeste.
O resultado foi fortemente impactado por uma queda dos preços do minério de ferro e pelo efeito da desvalorização do real frente ao dólar, segundo explicou o executivo.
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani, afirmou durante a conferência esperar que o resultado do terceiro trimestre seja melhor que o segundo, devido a uma recuperação dos preços do minério de ferro já observada no mercado.
Já o diretor-executivo de Minerais Ferrosos e Carvão, Peter Poppinga, manteve a previsão informada anteriormente de que o preço médio do minério de ferro em 2017 deverá fica em torno de 70 dólares por tonelada.
PLANOS PARA O FUTURO
Ao abrir a conferência com analistas, o diretor-presidente da Vale destacou que já foi feita internamente uma apresentação sobre um diagnóstico encomendado por ele, que será desdobrado em ações prioritárias nas áreas de performance, crescimento e diversificação.
No entanto, esse diagnóstico ainda será avaliado pelo Conselho de Administração e não deverá ser conhecido pelo mercado antes de setembro.
"Nosso foco é claramente interno nesse primeiro momento, vamos fazer a lição de casa para preparar a companhia, outros movimentos vão ser feitos depois que a companhia estiver pronta para isso", disse Schvartsman.
Sobre a sua joint venture com a BHP Billiton, a Samarco, o executivo afirmou que não há um prazo para a retomada da produção, interrompida após o colapso de uma de suas barragens de rejeitos em Mariana (MG), em novembro de 2015. A última previsão da Vale era retomar a operação da Samarco neste ano.
(Com reportagem adicional de Pedro Fonseca)