Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da Cielo ganharam terreno após um início de sessão negativa na bolsa paulista. Na noite de ontem, a companhia inaugurou a temporada de balanços do quarto trimestre de 2019, apresentando lucro líquido de R$ 1,58 bilhão no acumulado do ano passado, queda de 49,7% na comparação com 2018.
Por volta das 11h10, os papéis CIEL3 subiam 1,3% a R$ 7,09, depois de tocar a mínima de R$ 6,62 após a abertura.
A receita líquida no trimestre totalizou 2,975 bilhões de reais, queda de 1,2% ante o último trimestre de 2018, refletindo os descontos da Cielo em face da intensificação do ambiente competitivo, parcialmente compensado pelo aumento do volume e pela maior demanda no pagamento em 2 dias.
O volume financeiro capturado de outubro a dezembro pela empresa aumentou 12,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. A base ativa no final de dezembro totalizou aproximadamente 1,6 milhão de clientes, elevação de 17,7% frente ao último trimestre de 2018.
Os gastos totais cresceram 20,4% na base ano a ano, para 2,6 bilhões de reais, o que a empresa atribuiu a “aumento de custos diretamente ligados ao volume transacionado, assim como aos gastos relacionados à expansão dos negócios da Stelo e da M4U”.
O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 37,8%, para 680,3 milhões de reais, com a margem Ebitda recuando de 36,3% para 22,9%. A Cielo começou 2019 com guidande apontando para um lucro de R$ 2,3 bilhões e R$ 2,6 bilhões em 2019. Em maio, a empresa retirou a projeção e cortou a projeção de distribuição de dividendos (payout) de 70% para 30% do resultado.
A XP Investimentos destaca que a Cielo reportou resultados negativos no trimestre com lucro de R$ 242 milhões abaixo da expectativa de R$ 330 milhões do consenso, totalizando uma queda acentuada de 32% no trimestre e 68% anualmente. Se anualizado, o lucro teria sido inferior a R$ 1 bilhão, comparado a R$ 3,1 bilhões em 2018 e R$ 4 bilhões em 2017;
Apesar disso, os analistas destacam que os volumes saltaram 10,7% trimestralmente para R$ 190 bilhões, o que deveria implicar em ganho de participação de mercado.
No geral, eles acreditam que, embora a empresa afirme consistentemente que o foco não é o lucro de curto prazo, este é o segundo trimestre consecutivo com ganhos consideravelmente abaixo do consenso, no intuito de ganhar participação de mercado.
O BTG Pactual (SA:BPAC11) destaca que, apesar do potencial acordo melhor com os bancos, a grande queda no lucro, ainda se mantém otimista em relação aos resultados de 2020/21. Os analistas, é muito difícil ver a Cielotendo sucesso sob a atual estrutura acionária. Portanto, quanto mais tempo for necessário para resolvê-lo, pior será o preço das ações.
Por outro lado, a equipe aponta que, quando excluído os números da Cateno (assumindo conservadoramente que tem mesmo valor da aquisição em 2014), o valor de mercado da Cielo Brasil é de cerca de R$ 11 bilhões. Por enquanto, o banco segue com a recomendação neutra.
Com Reuters.