Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - Após reduzir em cerca de 1 bilhão de reais o preço mínimo para o leilão da distribuidora goiana Celg-D, o governo federal espera atrair um maior número de interessados para o certame, que deve ocorrer em novembro, disse nesta quarta-feira o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
A mudança no preço ocorre após tentativa frustrada de realizar o leilão da distribuidora da Eletrobras (SA:ELET3) anteriormente --a Celg-D deverá inaugurar um processo de venda desses ativos da estatal, que detém participação majoritária na empresa de Goiás de 50,93 por cento.
"Nossa expectativa é de que agora possamos ter não somente os quatro interessados que haviam acessado o data room, mas também outros que tenham interesse no leilão", disse o ministro, em conversa com jornalistas, admitindo que a percepção no governo é de que o preço mais alto havia afastado os interessados previamente.
Antes, o leilão havia atraído o interesse de empresas como a norte-americana AES e a Equatorial Energia (SA:EQTL3), entre outras.[nL1N1AJ1JP]
O governo definiu nesta quarta-feira o novo preço mínimo para a venda da empresa, fixado em 1,792 bilhão de reais, ante os 2,8 bilhões estabelecidos anteriormente.[nL2N1BQ0ET]
Já o valor de mercado da Celg-D ficou em 4,448 bilhões de reais, incluindo dívidas que um eventual comprador terá que assumir, segundo comunicado da Eletrobras e resolução publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira.
O novo edital do leilão da distribuidora goiana deve ser publicado em outubro, com o preço mínimo já anunciado sendo a principal novidade, e a venda deve ocorrer já em novembro, disse o ministro de Minas e Energia.
Segundo ele, no caso da distribuidora goiana, não será observado o prazo de cem dias entre edital e leilão, como o governo havia anunciado que seria o padrão daqui por diante, porque os principais termos já são conhecidos pelo mercado, uma vez que já houve uma tentativa de leiloar a empresa.
Além da Celg-D, o governo prevê vender a partir do segundo semestre de 2017 outras seis distribuidoras de Energia da Eletrobras.[nL1N1BP1NE]
Falando sobre outros ativos da Eletrobras que podem ser colocados à venda, além das distribuidoras controladas pelo grupo, o ministro disse que "não está descartada" uma futura venda de participações da holding estatal em grandes usinas, como as do rio Madeira (RO), e Belo Monte (PA), mas sublinhou que isso "não está sendo analisado" no momento.
Segundo ele, o que está hoje em análise são vendas de participações em Sociedades de Propósito Específico (SPEs) de negócios de menor porte, como linhas de transmissão e centrais eólicas.
"Em outubro vai sair o planejamento da Eletrobras para os próximos cinco anos, e dentro desse plano deve-se ter uma ideia melhor do que vai ser negociado", disse o ministro.
ESTIAGEM NO NORDESTE
Ao comentar a estiagem na região Nordeste do país, o ministro disse que o nível do reservatório de Sobradinho, o principal da região, deve zerar no fim do ano, partindo em seguida para o uso do chamado "volume morto".
O abastecimento de energia elétrica, porém, não será comprometido no Nordeste em função da menor geração hidrelétrica.
Segundo ele, o uso de outras fontes, como as térmicas e as centrais eólicas, e o intercâmbio com outras regiões, como o Norte e o Sudeste, estão compensando o problema.
"O peso da energia hídrica no Nordeste já tem sido menor há algum tempo", destacou.