WASHINGTON/HONG KONG (Reuters) - Parlamentares norte-americanos devem agir para impedir estatais chinesas de adquirir companhias dos Estados Unidos, informou a Comissão de Revisão Econômica e de Segurança Estados Unidos-China em relatório anual ao Congresso.
No documento, a comissão diz que o Partido Comunista Chinês estaria usando empresas estatais como ferramenta principal para avançar e alcançar objetivos de segurança nacional. O relatório recomenda ao Congresso proibir aquisições de companhias norte-americanas por estatais chinesas, por meio de mudança no mandato do CFIUS, órgão do governo que conduz análises de aquisições propostas por grupos estrangeiros.
"A comissão recomenda que o Congresso faça uma emenda no estatuto que autoriza o Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS) a barrar empresas estatais chinesas de comprar ou adquirir controle efetivo de companhias norte-americanas", afirma o relatório.
O comitê, liderado pelo Tesouro e por representantes de oito outros departamentos, incluindo o de Defesa, Estado e Segurança Interna, agora tem o poder de vetar aquisições por parte de estrangeiros, se julgar que o acordo apresenta qualquer ameaça à segurança nacional ou à infraestrutura do país.
Se levada adiante, a recomendação do painel essencialmente criará uma proibição às compras de ativos norte-americanos por estatais chinesas.
Para o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Geng Shuang, o relatório "mais uma vez revela os estereótipos e preconceitos da comissão". E acrescentou: "Nós pedimos que as empresas chinesas investindo no exterior cumpram as leis locais e regulações, e esperamos que países relevantes criem um ambiente de nível", disse.
O presidente da comissão, Dennis Shea, ressaltou durante coletiva de imprensa que as estatais chinesas são "braços" do governo. "Não queremos o governo norte-americano comprando empresas nos Estados Unidos, porque iríamos querer o governo comunista chinês comprando empresas nos EUA?", questionou.
Os EUA atraíram um recorde de 64,5 bilhões de dólares em acordos envolvendo a China neste ano, mais que qualquer outro país em que os chineses atuam, de acordo com dados da Thomson Reuters.
(Por David Lawder e Denny Thomas)