Por Tracy Rucinski e Jamie Freed
CHICAGO/SYDNEY (Reuters) - A rápida disseminação de casos de coronavírus em todo o mundo está complicando uma estratégia usada pelas companhias aéreas quando doenças, desastres ou conflitos atingem destinos de viagens: vender passagens mais baratas e redirecionar voos para áreas sem problemas.
Por enquanto, algumas companhias aéreas recorrem à suspensão das taxas de alteração para novas reservas de passagens, na esperança de conquistar viajantes hesitantes, até que fique mais claro onde estão localizados os surtos de coronavírus e quais rotas podem se beneficiar da queda de preços.
Embora as tarifas mais baixas tenham se mostrado efetivas no passado na recuperação da demanda, o consultor de aviação Samuel Engel afirmou "o bolso só funciona até certo ponto contra a emoção".
A JetBlue Airways, que não voa para a Ásia, foi a primeira companhia aérea a lançar opções gratuitas para remarcar passagens na semana passada, pois ficou claro que os casos não estavam isolados na China. A JetBlue desenvolveu e anunciou seu plano em questão de horas, disse a presidente Joanna Geraghty à Reuters.
"Tentamos nos colocar no lugar de nossos clientes e pensar sobre o que gostaríamos se estivéssemos, por exemplo, marcando uma viagem na primavera (do hemisfério norte) agora", disse Geraghty.
Desde então, as principais empresas norte-americanas seguiram o exemplo com diversas isenções de taxas de alteração de novas reservas para muitos destinos, uma mudança de uma política anterior que cobria apenas voos pré-reservados para as áreas mais atingidas pelo coronavírus.
A queda da demanda para voar para o exterior não se limita aos viajantes dos EUA. As viagens internacionais para os Estados Unidos cairão 6% nos próximos três meses, em meio a preocupações com o coronavírus, o maior declínio desde a crise financeira de 2007-2008, previu a Associação de Viagens dos EUA na terça-feira.
Nesta semana, a chilena Latam Airlines anunciou suspensão de voos entre São Paulo e Milão até meados de abril por causa de baixa demanda e disseminação do coronavírus.
As maiores companhias aéreas da Europa alertaram na terça-feira que o surto estava prejudicando o crescimento, com o presidente-executivo da Ryanair, Michael O'Leary, prevendo um "ambiente de reservas muito vazio" pelas próximas duas a três semanas antes de se recuperar.
"Depois da Páscoa, se as coisas se acalmarem, as temperaturas na Europa estiverem subindo, acho que haverá um declínio significativo na propagação do vírus. As companhias aéreas responderão com promoções de passagens, ofertas que farão as pessoas voltarem a viajar rapidamente", disse ele à Reuters.
"As companhias aéreas têm demonstrado pouca hesitação em reduzir preços para obter volume", disse Hunter Keay, analista da Wolfe Research. "Uma coisa que sabemos sobre a demanda de viagens aéreas de lazer é que podem ser facilmente estimuladas."