O convite de alas do governo para Aloizio Mercadante substituir Jean Paul Prates na Petrobras (BVMF:PETR4) não agradou o mercado– tanto o financeiro, quanto o de óleo e gás. Segundo apuração do Poder360, a ida do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o comando da maior estatal do país desagrada por representar uma guinada mais governista na petroleira.
Além de querer aumentar a vocação desenvolvimentista da Petrobras, a troca na estatal preocupa devido ao momento atual de alta no preço do petróleo. O barril de óleo é negociado acima de US$ 91 nesta 6ª feira (5.abr.2024), maior valor desde setembro de 2023, o que pressiona um reajuste no preço dos combustíveis.
A preocupação é que esse reajuste não deve sair com a velocidade esperada pelo mercado caso Mercadante assuma a presidência da estatal. A lógica é que o presidente do BNDES não aumentaria o preço dos combustíveis nos seus primeiros dias a frente da estatal e sobraria para Prates, já desgastado com o governo, fazer o aumento antes de deixar a petroleira.
Segundo relatório da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) divulgado nesta 6ª feira (5.abr), a defasagem média da gasolina em relação ao preço internacional alcançou 19%. A Petrobras ainda não fez nenhum reajuste nos combustíveis em 2024. O último movimento foi há quase 3 meses, em dezembro de 2023.
Historicamente, o aumento no preço do petróleo puxa uma valorização das ações da Petrobras, mas os papéis da companhia perderam valor nesta 6ª feira (5.abr) devido à indefinição sobre a substituição na presidência da estatal.
O clima no mercado financeiro é que os investidores precisam de mais prêmio para cobrir os riscos potenciais de uma aumento no intervencionismo direto do governo na Petrobras. Além de achar uma saída para a distribuição dos dividendos extraordinários retidos pela companhia, os investidores manifestam preocupação em relação às políticas de investimento ao longo prazo.
Mercadante é formado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e tem perfil heterodoxo na economia. Ele chegou a dizer que a inflação no Brasil tinha acabado com o Plano Cruzado, em 1986, uma análise que se provou equivocada. E, depois, em 1994, criticou o Plano Real.
O economista chegou a gravar um vídeo em um supermercado defendendo o tabelamento de preços para controlar a inflação.
Segundo apuração do Poder360, em um 1º momento a resposta de Mercadante para assumir a Petrobras foi negativa, por enquanto, sob a justificativa de que Prates continua no cargo e não seria de bom-tom aceitar a vaga enquanto a cadeira continua ocupada. Ele e Prates têm uma boa relação.