(Corrige título para deixar claro que a Odebrecht considera vender projetos no Peru, não deixar o país)
Por Mitra Taj
LIMA (Reuters) - A Odebrecht disse nesta sexta-feira que está disposta a vender projetos e empresas restantes no Peru, enquanto lida com uma grande investigação e pedidos do governo para deixar o país.
No início desta semana, o presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, fez os comentários mais acalorados sobre o escândalo, ao dizer que a Odebrecht deveria sair do país e declarar para uma multidão que iria "enforcar" autoridades e empresas corruptas.
Em dezembro, a Odebrecht admitiu ter pago centenas de milhões de dólares em toda a América Latina para obter contratos de obras públicas. A empresa agora negocia acordos com promotores no Peru e de vários outros países, após acordo judicial com autoridades de Estados Unidos, Brasil e Suíça.
O governo de Kuczynski rescindiu o contrato de gasoduto de gás natural da Odebrecht de 5 bilhões de dólares esta semana, por que a empresa brasileira perdeu o prazo chave de financiamento, mas não anunciou medidas para forçar a empresa a sair de Peru.
O ministro das Finanças Alfredo Thorne disse que o governo pretende negociar a saída da empresa de uma série de projetos, começando pelo projeto de irrigação Chavimochic III, de 500 milhões de dólares, da Odebrecht com a Grana y Montero, que parou em dezembro esperando uma licença do governo.
A Odebrecht disse em um comunicado à Reuters que o Peru não pediu diretamente para a companhia sair de qualquer projeto, mas que iria "respeitar a vontade do governo e, se necessário, todas as suas concessões seriam vendidas".
A empresa afirmou que daria detalhes a autoridades locais sobre os subornos independentemente do que acontecer.
O anúncio acaba com as dúvidas sobre se a empresa poderia resistir à pressão do governo para deixar contratos que venceu no Peru ao longo dos anos, enquanto promotores trabalham para apontar quais contratos foram obtidos por meio de pagamento de propina.
A Odebrecht colocou a hidrelétrica Chaglla à venda meses atrás e concordou em vender seu negócio de irrigação Olmos para a canadense Brookfield Asset Management em novembro, mas disse que o governo ainda não autorizou o negócio.
((Tradução Redação São Paulo; + 55 11 5644-7712))
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