SÃO PAULO (Reuters) - A Casas Bahia anunciou nesta terça-feira que detentores de certificados de recebíveis de imobiliários (CRIs) da securitizadora Opea decidiram não cobrar antecipadamente o pagamento dos títulos pela empresa, mediante oferta de remuneração adicional pelo grupo.
A companhia afirmou que os detentores de CRIs da 20ª emissão da Opea, lastreados em debêntures de oitava emissão rede de varejo, aceitaram o não vencimento antecipado, depois que a empresa ofereceu remuneração adicional dos CRIs, além de pagamento de prêmio. A decisão de não antecipar vencimentos incluiu também as debêntures.
Antes de ter a negociação suspensa por causa da divulgação do fato relevante, a ação da Casas Bahia recuava 1,59%, a 0,62 real, na B3 (BVMF:B3SA3).
A assembleia ocorreu porque em meados de setembro a agência de classificação de risco S&P cortou a nota da emissão de CRIs da Opea após uma revisão para baixo no início daquele mês do grupo de varejo.
Como resultado das séries de eventos, desde a divulgação do resultado do segundo trimestre, as ações de Casas Bahia acumulam mais de 63% de queda e no ano perdeu mais de 70% de valor de mercado, observaram analistas da Genial Investimentos.
Eles explicaram que, com um valor superior a 30 milhões de reais, o pedido de antecipação de pagamento dos CRI poderia acionar a cláusula de antecipação de outras debêntures -- o qual totalizaria um montante de aproximadamente 3,2 bilhões de reais -- de forma imediata.
No final do segundo trimestre, a Casas Bahia tinha 874 milhões de reais em caixa e equivalentes e 4,9 bilhões em contas a receber.
"Mesmo diante da captação de 622 milhões do follow-on, a antecipação das dívidas comprometeria as atividades da Casas Bahia, uma vez que a companhia não suportaria financiar o capital de giro para manter as suas operações ao longo dos próximos trimestres", afirmou a equipe da Genial, que classificou a não declaração de vencimento antecipado como "o caminho mais benéfico para ambas as partes".
Apesar disso, as ações da Casas Bahia acentuaram a queda após o desfecho da reunião. Por volta de 11:40, os papéis recuavam 3,17%, a 0,61 real, entre os piores desempenhos do Ibovespa, que perdia 0,39%. Na mínima, as ações foram negociadas a 0,60 real. Antes do anúncio do resultado da decisão, os papéis recuavam 1,59%.
(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Paula Arend Laier)