WASHINGTON (Reuters) - Os empregadores privados dos Estados Unidos contrataram muito menos trabalhadores do que o esperado em julho, uma vez que as empresas esgotaram seus empréstimos para ajudar a pagar os salários, enquanto as novas infecções por Covid-19 saltam em todo o país, sustentando visões de que uma recuperação econômica estaria vacilando.
O Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrou nesta quarta-feira criação de 167 mil vagas de trabalho no setor privado no mês passado, após salto de 4,314 milhões de postos em junho. Ecomomistas consultados pela Reuters projetavam abertura de 1,5 milhão de vagas em julho.
As contratações perderam força no mês passado em todos os setores. As folhas de pagamento para empresas de médio porte com 50 a 499 funcionários caíram em 25 mil. O relatório da ADP é desenvolvido em conjunto com a Moody's Analytics.
"Os dados de hoje são uma advertência de que o mercado de trabalho não vai acelerar até que haja uma vacina", disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Analytics
Zandi atribuiu a queda acentuada na criação de empregos no setor privado ao fim do programa de proteção aos salários do governo e ao ressurgimento dos casos de coronavírus nos EUA.
O programa de proteção aos salários fazia parte de um pacote fiscal histórico no valor de quase 3 trilhões de dólares que concedia empréstimos a empresas que poderiam ser parcialmente perdoados se usados para pagamento de funcionários. Novos casos da doença respiratória explodiram, especialmente nas regiões densamente povoadas do Sul e do Oeste dos Estados Unidos, onde as autoridades nas áreas mais afetadas estão fechando os negócios novamente e interrompendo a reabertura econômica.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) na segunda-feira mostrou que uma medida do emprego nas indústrias norte-americanas registrou contração em julho pelo 12º mês consecutivo, mesmo com a atividade industrial acelerando para uma máxima em 16 meses.
De acordo com pesquisa da Reuters com economistas, o relatório de emprego do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, acompanhado de perto pelos mercados, provavelmente mostrará na sexta-feira que o setor privado dos EUA contratou 1,485 milhãos de trabalhadores em julho. Isso levaria a um aumento de 1,6 milhão de postos de trabalho fora do setor agrícola, uma redução em relação ao ganho recorde de 4,8 milhões de empregos em junho.
Mas há alguns vislumbres de esperança para a economia em dificuldades. Em um relatório separado desta quarta-feira, o Departamento de Comércio norte-americano disse que o déficit comercial dos EUA caiu 7,5%, para 50,7 bilhões de dólares em junho. Economistas consultados pela Reuters previam que o déficit comercial recuaria para 50,1 bilhões de dólares.
As exportações tiveram recuperação recorde de 9,4%, para 158,3 bilhões de dólares. Os bens exportados saltaram 14,5% para 102,9 bilhões de dólares, impulsionados por remessas de veículos e peças, bens de capital e suprimentos industriais, incluindo petróleo bruto.
Isso compensou um salto de 4,7% nas importações, para 208,9 bilhões de dólares. O aumento nas exportações foi o maior desde março de 2015. As importações de mercadorias saltaram 5,4%, para 175,0 bilhões de dólares, impulsionadas pelas importações de veículos e peças para automóveis, bens de consumo e bens de capital.
(Reportagem de Lucia Mutikani)