SÃO PAULO (Reuters) - A transmissora de eletricidade Cteep, controlada pela colombiana Isa, se prepara para um novo ciclo de expansão no Brasil após registrar no último trimestre uma receita bilionária, referente à perspectiva de recebimento a partir do próximo ano de uma indenização prometida à empresa pelo governo federal ainda no final de 2012.
O presidente da companhia, Reynaldo Passanezi, disse que agora buscará bons negócios para investir os recursos da compensação, em uma mudança ante a postura "defensiva" adotada pela elétrica enquanto negociava com o governo o pagamento dos valores.
A indenização, referente a investimentos feitos pela companhia e que não haviam sido amortizados quando da renovação da concessão, foi estimada em cerca de 8,6 bilhões de reais, com impacto positivo de 4,2 bilhões de reais no lucro da Cteep no último trimestre.
Com esses recursos, a elétrica deverá buscar oportunidades tanto em leilões de novos projetos quanto em aquisições, disse Passanezi.
Essa movimentação já foi iniciada na última sexta-feira, quando a companhia arrematou três lotes de concessões em uma licitação de novas linhas de transmissão realizada pela Aneel-- sendo dois em parceria com a Taesa, controlada pela Cemig (SA:CMIG4) e pelo fundo Coliseu.
"O ambiente em que a gente vive é de uma situação macro e política de maior confiança, de uma situação financeira confortável, com o recebimento dos recursos da indenização, e de uma série de oportunidades de crescimento na frente de leilões e aquisições", afirmou Passanezi.
Ao falar durante encontro com investidores nesta segunda-feira, ele lembrou que 2016 marca o aniversário de 10 anos da entrada da Isa no controle da Cteep e disse que o objetivo dos colombianos é reforçar a participação do Brasil nos resultados do grupo.
"O Brasil representa cerca de 14,5 por cento (na geração de caixa do grupo Isa)..temos ainda o objetivo de fazer isso crescer e ter uma maior participação", afirmou.
A Isa tornou-se controladora da Cteep após vencer em 2006 um leilão de privatização da fatia que o governo do Estado de São Paulo possuía na elétrica.
CAUTELA NAS AVALIAÇÕES
O presidente da Cteep fez questão de ressaltar que, apesar do forte apetite por expansão, a companhia deverá manter uma boa dose de cautela na seleção dos investimentos.
Tanto na entrada em leilões quanto em eventuais aquisições, serão avaliados principalmente ativos que tenham sinergias com itens que já fazem parte do portfólio da empresa e boa rentabilidade.
"Estaremos sempre olhando oportunidades. Se entendermos que gera valor, estaremos buscando participar, se não gerar valor, não vamos... se a gente não ganhar (uma disputa por um ativo), não tem arrependimento, não ganhamos porque achamos que tinha risco demais ou a rentabilidade era menor que nossa rentabilidade requerida", disse.
Questionado por analistas, o presidente da Cteep também não descartou avaliar uma eventual aquisição de linhas de energia da espanhola Abengoa, que paralisou obras no Brasil em novembro passado em meio a uma crise financeira e agora busca negociar ativos para gerar caixa.
"A gente vai sempre olhar ativos que tem mais sinergia com a gente...é isso o que posso avançar, a gente tem avaliado aqueles ativos que encaixam, em regiões onde a Cteep já está presente", afirmou.
(Por Luciano Costa)