Depois de uma reação de alta pela manhã com a surpresa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, os juros futuros fecharam com viés de queda em todos os trechos da curva nesta terça-feira. Primeiro, porque as taxas já vinham recompondo prêmios nos últimos dias, e a melhora sensível do câmbio deu espaço para realização de lucros. Segundo porque a visão do mercado sobre os próximos passos do Banco Central já está "contratada".
Ou seja, a instituição retirará o forward guidance para, depois, analisar o cenário de inflação e iniciar a trajetória de ajuste na Selic. A dúvida é quando.
O mercado precifica chance de 13% de alta de 0,25 ponto porcentual na semana que vem, contra 44% em março, nos cálculos da Quantitas Asset Management.
A aposta de parte do mercado é de que os fatores que fizeram a inflação saltam em dezembro foram deixados para trás. Os preços dos alimentos tendem a arrefecer, assim como os de energia elétrica.
"Não vemos pressões de preços significativas devido à fraca demanda doméstica em tempos de fracas condições do mercado de trabalho e alta capacidade ociosa na indústria", pondera o MUFG em relatório enviado a clientes, ao projetar IPCA de 3,25% este ano, abaixo da meta de 3,75%.
Neste sentido, o plano de voo do BC seguiria sem maiores surpresas. Primeiro, haveria a retirada do forward guidance de juros baixos e, depois, iniciaria a elevação dos juros.
Nesta terça mesmo, o diretor de Política Monetária da instituição, Bruno Serra Fernandes, reafirmou que não há um "diagnóstico mecânico" entre o fim da orientação futura e a alta da Selic.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou com taxa de 3,15% (regular) e 3,14% (estendida), de 3,23% no ajuste de sexta-feira. O janeiro 2023 recuou de 4,896% a 4,81% (regular e estendida). E o janeiro 2027 cedeu de 7,254% a 7,11% (regular e estendida).