SÃO PAULO (Reuters) - A greve dos fiscais federais agropecuários, iniciada na quinta-feira da semana passada, faz com que 25 mil toneladas de carnes de aves e suínos estejam paradas em portos e armazéns das empresas exportadoras, segundo um levantamento preliminar nesta quinta-feira da ABPA, que representa grandes indústrias do setor, como BRF (SA:BRFS3) e JBS.
A Associação Brasileira de Proteína Animal avaliou que a paralisação causa prejuízos vultosos às empresas e também impacta a produção do país.
Fábricas estão reduzindo ou paralisando a produção por falta de espaço para estocar produtos e que contratos de exportação estão ameaçados, disse a associação.
A ABPA destacou que as exportações de aves e de suínos atraem para o país mais de 100 milhões de reais por dia em negócios.
As 25 mil toneladas paradas equivalem a cerca de 6,5 por cento do volume total de carne in natura suína e de aves exportado pelo Brasil em agosto.
Segundo a ABPA, o setor tem enfrentado prejuízos não apenas com a perda dos embarques nos navios, mas com custos para a manutenção de estruturas logísticas que estão paradas, aguardando a liberação das cargas.
"Infelizmente, o setor de proteína animal, que vinha registrando crescimento em plena crise econômica nacional, está sendo afetado e pode perder uma valiosa oportunidade de trazer ainda mais divisas, em um momento delicado para o país", disse o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, em nota.
A entidade disse que está em contato com o governo federal e líderes dos grevistas para pedir o avanço das negociações e o fim da paralisação.
Na quarta-feira, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) disse que a greve já impede o desembarque no exterior de algumas cargas brasileiras de milho, soja e algodão que ainda não receberam um certificado fitossanitário.
Com a paralisação, o certificado que normalmente é emitido após a saída do navio do Brasil ainda não está de posse de alguns exportadores cuja carga já chegou a países importadores.
Com a paralisação, 7 mil contêineres com produtos de exportação e importação estavam retidos no porto de Santos, o maior do país, no início desta semana, informou anteriormente o Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical).
(Por Gustavo Bonato)