Madri, 19 nov (EFE).- A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, apresentou nesta segunda-feira seu país como um destino atrativo para os investimentos espanhóis, e que "não procura inimigos, nem ressentimentos".
Dilma disse que o Brasil foi vítima da "superioridade pretensiosa" de alguns, não citado quando era um "eterno devedor", mas agora é um país com total segurança jurídica e que inclusive empresta dinheiro ao FMI.
Em uma conferência diante de líderes políticos e empresariais realizada no teatro Real de Madri, a governante reafirmou a necessidade de aumentar os intercâmbios comerciais entre ambos os países, que atualmente são US$ 8 bilhões, um número "grande, mas longe do potencial existente", disse Dilma.
A presidente afirmou que tanto o chefe do Executivo espanhol, Mariano Rajoy, como o rei Juan Carlos I, manifestaram sua disposição a "aprofundar no diálogo e construir uma aliança efetiva" entre Espanha e Brasil.
Como exemplo da evolução da economia brasileira, Dilma lembrou que na última década o país criou 17 milhões de empregos, e que 40 milhões de pessoas passaram da pobreza à classe média, além de o setor financeiro ser bem "robusto".
Com a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, Rousseff deu ênfase na necessidade de solucionar "os problemas" em matéria de infraestrutura e lembrou que estão em andamento importantes licitações de transporte e energia.
Bernardo Figueredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), destacou que seu governo iniciou um plano de concessões ao setor privado para infraestruturas por R$ 133 bilhões, que contempla a construção e ampliação de cerca de 7.500 quilômetros de estradas e de 10 mil quilômetros de ferrovias.
Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética ressaltou o "potencial enorme" do setor, especialmente no âmbito hidrelétrico, que hoje representa 78,7% da potência instalada.
Também ressaltou a aposta do Brasil na energia eólica, que gerará neste ano 1,1% da energia produzida e também é previsto que a cota aumente 5,6% em quatro anos, sem renunciar ao petróleo, já que é desejada a produção de 5,4 milhões de barris diários em dez anos, com quase a metade deles sendo exportados.
José Ignacio Sánchez Galán, presidente da Iberdrola, considerou que o modelo energético brasileiro é "previsível e estável", e avaliou que é baseado em "explorar primeiro as fontes mais competitivas", neste caso as hidroelétricas.
Sánchez Galán lembrou que o Brasil continuará sendo nos próximos anos, o segundo destino estrangeiro de seus investimentos, depois do Reino Unido, e prevê investimentos de R$ 10 bilhões.
Santiago Fernández Valbuena, presidente da Telefónica América Latina, afirmou que a mudança de sua sede operacional para São Paulo é uma demonstração da aposta de sua empresa no país.
Para a Telefônica "a América se tornou a região que cresce mais rápido e o Brasil é o líder da região", disse, além de confirmar que seu principal desafio no país é a banda larga.
As previsões do FMI e de analistas brasileiros coincidem em uma previsão de crescimento da economia brasileira em torno de 1,5% para 2012 e de 4% para 2013. EFE