Havana, 12 mai (EFE).- O dissidente cubano Guillermo Fariñas, conhecido internacionalmente como protagonista de prolongadas greves de fome por causas referentes aos presos políticos, viajou neste domingo aos Estados Unidos e Europa para uma visita que se estenderá por um mês, informou ele mesmo à Agência Efe no aeroporto de Havana.
"Vou fazer uma viagem de trabalho convidado por organizações de exílio e pessoas individuais", indicou o psicólogo e jornalista independente de 50 anos.
Fariñas, que viaja acompanhado de sua mãe, Alicia Hernández, explicou que até dia 15 de junho deve visitar Miami, Nova Jersey, Washington e San Juan, em Porto Rico.
Depois irá para Espanha e Bélgica, onde receberá o prêmio Sajarov de direitos humanos dados pelo Parlamento Europeu em 2010 e que ainda não pôde ser entregue porque anteriormente as autoridades cubanas tinham negado permissão para Farinãs deixar o país.
Sua saída da ilha acontece agora em virtude da reforma migratória posta em vigor pelo Governo de Raúl Castro em 14 de janeiro deste ano e com a qual foram flexibilizadas as viagens dos cubanos para o exterior após décadas de restrições e embaraçosos trâmites.
"É um direito e não vejo isso como um gesto do Governo poder sair do país", afirmou o opositor.
Neste momento se encontram fora de Cuba outros conhecidos dissidentes como Berta Soler, porta-voz das "Damas de Branco", a blogueira Yoani Sánchez e o líder da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), Elizardo Sánchez, que estão de viagem pela Europa e Estados Unidos.
Fariñas, que lidera o grupo opositor ilegal "Frente Antitotalitária Unida" na província central de Villa Clara, onde reside, precisou que seu périplo tem o propósito de estreitar relações "com todos os cubanos" e "debater sobre uma democratização de Cuba".
Este opositor protagonizou cerca de 20 greves de fome, a última delas por mais de quatro meses em 2010, após a morte do preso Orlando Zapata Tamayo, para exigir a libertação dos prisioneiros políticos mais doentes.
Esse jejum foi abandonado depois que o Governo cubano anunciou seu compromisso de libertar 52 dissidentes do Grupo dos 75, condenados em 2003, fruto de um inédito diálogo aberto em maio de 2010 com a hierarquia da Igreja Católica da ilha. EFE