Arena do Pavini - Os mercados brasileiros têm hoje o segundo dia de relativa calma, com o dólar recuando e reduzindo a pressão dos juros. A bolsa, porém, segue em queda, com os investidores receosos com o cenário eleitoral e a fraqueza da economia, agravada pela greve dos caminhoneiros. Hoje, a pesquisa Focus mostrou forte queda nas projeções para o crescimento do PIB deste ano e a primeira prévia do IGP-M indicou aceleração da inflação. Pesquisa do Datafolha no fim de semana mostrou o candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda liderando as intenções e voto, enquanto Jair Bolsonaro ficou estável e apresenta pior desempenho no segundo turno diante de Marina Silva, da Rede.
Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura, a pesquisa Datafolha mostrou que o mercado pode se sentir mais esperançoso a partir da candidatura Marina Silva. Ela pode aglutinar os eleitores que seriam, em tese, de Geraldo Alckmin, favorito do mercado, levando a disputa para o segundo turno, No segundo turno derrotaria com vasta margem o candidato Bolsonaro. “Seu posicionamento na eleição passada, de apoio a Aécio Neves e a uma agenda pró mercado, é um forte sinal de que pode ser a candidata reformista em um segundo turno contra Bolsonaro”, afirma Silveira. Essa alternativa, que ainda não era vista com muita convicção pelo mercado, pode ganhar espaço ao longo da semana, acredita o economista.
Mas o copo também pode estar “metade vazio”, avalia Silveira. Alckmin está fora do páreo em qualquer cenário. Além disso, o número de pessoas que se declararam sem candidato ainda está muito elevado. Ele é maior que 30% no primeiro turno, sem a participação de Lula. Com esse percentual, tudo indica, a campanha mal começou, de fato.
Eleição imprevisível
A disputa por esse eleitorado, que tem mais participação que qualquer candidato, torna a eleição imprevisível. Uma pista sobre a tendência para os indecisos, ruim para o mercado, é a rejeição de Michel Temer, que bateu níveis elevadíssimos. Associada à performance atual da economia, essa rejeição pode prejudicar os candidatos do mercado, já que é possível que o eleitorado identifique a situação atual com as políticas reformistas e não com as gestões populistas. Essa questão pode levar o eleitorado de Lula, que mesmo preso ainda tem muitos eleitores, a votar em um candidato anti-reformas.
Dólar cai para R$ 3,68 com mais US$ 2,940 bi de swap
O dólar comercial, das grandes transações, cai 0,6%, para R$ 3,68, sob a pressão dos leilões de swap cambial que o Banco Central (BC) vem realizando desde sexta-feira. Hoje, o BC vendeu 50 mil contratos, que equivalem à venda de dólar futuro, no valor de US$ 2,5 bilhões, e deve manter essa oferta até o fim da semana. Houve ainda outra oferta de 8.800 contratos, ou US$ 440 milhões, para a rolagem dos swaps que vencem no começo de julho. Com o dólar comercial bem abastecido de proteção, o mercado de varejo, ou turismo, dos cartões e passagens, cai 2%, para R$ 3,83 para venda.
Juros recuam
Com o dólar em baixa, os juros futuros também recuam, e os contratos para janeiro de 2019, que indicam a projeção para a Selic deste ano, projetam 7,11%, 0,23 ponto percentual menos que na sexta-feira. Para janeiro de 2020, a taxa projetada está em 8,53%, baixa de 0,18 ponto. Para 2025, a taxa projetada está em 11,61%, queda de 0,07 pontos, e para 2028, 12,25%, queda de 0,43 pontos percentuais, indicando um bom alívio para os juros longos.
Tesouro Direto suspende negócios, mas volta à tarde
A instabilidade dos juros, desta vez para baixo, fez o Tesouro Direto suspender a venda de títulos federais pela manhã. Depois das 12 horas, as operações foram retomadas, com juros ligeiramente menores, mas voltou a ser suspenso, com expectativa de retorno às 15h30. As NTN-B longas, para 2035 e 2045, pagam 5,82% ao ano mais IPCA. Já os papéis prefixados para 2025, as LTN, ofereciam juros de 11,33%.
Ibovespa cai 0,7%
Na bolsa de valores, as ações seguem em baixa, e o Índice Bovespa cai 0,70%, para 72.411 pontos. A queda é puxada pelos bancos, com Itaú Unibanco (SA:ITUB4) PN perdendo 1,34%, Bradesco (SA:BBDC4) PN, 0,91% e Banco do Brasil (SA:BBAS3) ON, 1,41%. Normalmente, esse é um sinal de saída de estrangeiros. Petrobras PN (SA:PETR4), por sua vez, sobe 0,46% e Vale ON (SA:VALE3), 0,55%.
Por Arena do Pavini