Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta segunda-feira, com investidores se antecipando à possibilidade de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, sinalize nesta semana que os juros norte-americano podem subir mais cedo do que o esperado.
A divisa norte-americana se valorizou ante a maioria das moedas mundiais. No Brasil, chegou a ser negociada acima de 2,35 reais durante a sessão, mas não se sustentou acima deste patamar. Investidores trabalham com a possibilidade de o Banco Central brasileiro aumentar a atuação no mercado de câmbio para conter a volatilidade do dólar, que na sexta-feira fechou com a maior alta em quase 10 meses.
A divisa dos Estados Unidos subiu 0,38 por cento, a 2,3439 reais na venda, após marcar na semana passada a mais forte valorização semanal em um ano ante o real.
Na máxima desta sessão, o dólar chegou a 2,3513 reais e, na mínima, a 2,3295 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,6 bilhão de dólares.
"O dólar voltou a níveis em que, historicamente, o BC já deu sinais de desconforto, então o mercado fica cauteloso", afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Na semana passada, o dólar subiu depois que pesquisas mostraram a presidente Dilma Rousseff (PT) ganhando terreno e empatando tecnicamente com a ex-senadora Marina Silva em um esperado segundo turno das eleições presidenciais. Investidores preferem a vitória de Marina, pois criticam a condução da política econômica do atual governo.
Também pesaram sobre o câmbio expectativas de que o Fed sinalize na quarta-feira que pode elevar os juros mais cedo do que espera o mercado, o que tenderia a atrair à maior economia do mundo capitais atualmente aplicados em outros mercados.
"Esta semana pode bem ser uma das semanas mais importantes do ano", escreveram analistas do Brown Brothers Harriman em nota a clientes.
Segundo Galhardo, da Treviso, qualquer surpresa nesses dois âmbitos pode levar o dólar a ultrapassar o patamar de 2,35 reais, que poderia ser inflacionário, a menos que o BC indique insatisfação com esse movimento e intensifique sua atuação no mercado, sobretudo via rolagem de swaps.
Na sexta-feira, uma importante fonte da equipe econômica afirmou à Reuters que o BC poderá lançar acelerar a rolagem de swaps cambiais o objetivo de reduzir a volatilidade atual do mercado, mas que os leilões com as rações diárias não mudam neste ano.
Por enquanto, o BC não mudou o leilão para rolagem, vendendo a oferta total de até 6 mil swaps para rolar os contratos que vencem em 1º de outubro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 27 por cento do lote total, equivalente a 6,677 bilhões de dólares.
Se mantiver esse ritmo, o BC terá rolado cerca de 76 por cento do lote que vence em outubro, menos do que os quase 90 por cento de rolagem de swaps que venceram em setembro.
"O BC deve esperar quarta-feira para decidir a estratégia. Como há um componente global nessa escalada dessas últimas semanas, um alívio com relação ao Fed pode fazer com que parte dessa pressão desapareça", afirmou o operador de câmbio da Intercam Glauber Romano.
A autoridade monetária também vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que correspondem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil para 2º de setembro de 2015, com volume equivalente a 197,8 milhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)