Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta nesta quarta-feira e renovou a máxima em quase dez anos, voltando à casa dos 2,61 reais, refletindo o aumento da aversão ao risco nos mercados internacionais em meio à queda dos preços do petróleo, que chegou às mínimas em cinco anos.
No cenário interno, o mercado também refletiu as incertezas sobre quais medidas serão adotadas pela nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff e o futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio.
A moeda norte-americana subiu 0,55 por cento, a 2,6125 reais na venda, após atingir 2,6176 reais na máxima e 2,5861 reais na mínima da sessão. Trata-se do nível mais alto de fechamento desde 15 de abril de 2005, quando foi a 2,620 reais.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1 bilhão de dólares.
"O mercado está sensível nesse clima de final de ano, com liquidez baixa. Uma piora no humor lá fora, como aconteceu hoje, acaba tendo um efeito exagerado", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
O petróleo Brent caiu abaixo de 65 dólares por barril nesta quarta-feira devido a crescentes sinais de excesso de oferta e demanda fraca, acumulando perdas de mais de 40 por cento desde junho.
A queda da commodity impulsionou o dólar contra moedas como o peso mexicano e o rand sul-africano, ao mesmo tempo em que caíam os rendimentos dos Treasuries, com investidores buscando proteção na dívida soberana norte-americana.
A divisa vinha enfrentando dificuldades para se firmar acima de 2,60 reais, patamar que analistas identificam como uma resistência no curto prazo.
No Brasil, o dólar ampliou os ganhos nesta tarde, após mostrar variações pequenas na primeira parte do pregão em meio à incerteza sobre a política econômica. A nova equipe econômica --encabeçada por Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini no BC-- agradou investidores, que viram nos nomes sinais de mais ortodoxia na condução da política econômica.
Agora, buscam entender quais ações concretas serão tomadas para enfrentar o quadro de inflação alta e crescimento baixo. Os holofotes estão voltados principalmente para as contas públicas, com dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir a nova meta de superávit primário de 2015, equivalente a 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
O mercado também continuou à espera de sinais sobre o futuro das atuações diárias do BC no câmbio, marcadas para durar pelo menos até o fim deste ano. Tombini já havia dito que o atual estoque de swap, equivalente a pouco mais de 100 bilhões de dólares, atendia a demanda do mercado, abrindo espaço para especulações de que o programa pode ser reduzido.
Na véspera, o presidente do BC afirmou que a autoridade monetária tem mais duas semanas para monitorar o programa e então tomar sua decisão.
"Teremos uma resposta sobre o programa do BC em alguns dias. Pelo jeito, já está no preço que ele vai diminuir, mas se o BC parar com os leilões diários deve haver uma reação mais forte", disse o operador de uma corretora internacional.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas rações diárias. Foram vendidos 3,1 mil contratos para 1º de junho e 900 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 198,3 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de janeiro, equivalentes a 9,827 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 40 por cento do lote total.