Por Rocky Swift e Yuka Obayashi
TÓQUIO (Reuters) - Enquanto a Europa se prepara para escassez de energia devido à redução no fornecimento de gás russo, a crise energética do Japão há uma década oferece lições de sobrevivência para famílias e empresas --como diminuir as luzes e subir as escadas.
Os ministros de Energia da União Europeia aprovaram na terça-feira uma proposta para que os países membros reduzam voluntariamente o uso de gás em 15% de agosto a março, em meio a suprimentos incertos da Rússia por causa da guerra na Ucrânia.
A economia de energia, ou "setsuden", tornou-se um projeto nacional para o Japão após o terremoto e tsunami de março de 2011 que provocaram um colapso na usina nuclear de Fukushima Daiichi.
Nas semanas e meses que se seguiram, os shopping centers desligaram as escadas rolantes, as fábricas reduziram os tempos das linhas de montagem e as casas de jogos de pachinko --famosas por suas luzes piscantes e máquinas barulhentas-- foram temporariamente fechadas.
A atitude de muitos japoneses na época era: "Precisamos fazer alguma coisa, caso contrário, haverá um desastre", lembrou Koichiro Tanaka, do Instituto de Economia da Energia do Japão.
A pressão social intensa --do tipo que garantiu a conformidade pública quase completa com o uso de máscaras durante a pandemia de Covid-19-- também desempenhou seu papel, disse ele.
A Tokyo Electric Power, operadora das instalações de Fukushima, perdeu cerca de 40% de sua capacidade de geração de energia.
Imediatamente após o acidente, a empresa emitiu seu primeiro apagão programado e interrompeu a energia na área da capital de forma intermitente nas semanas seguintes. Eventualmente, retomou usinas mais antigas, a gás e a carvão.
Em maio daquele ano, o governo pediu aos cidadãos e empresas em Tóquio e no norte do Japão que reduzissem a energia em 15% nos horários de pico durante o verão. Medidas semelhantes estão sendo tomadas novamente este ano no Japão, pois o país também lida com o fornecimento de energia mais apertado.