Por Marc Jones
LONDRES (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu que a União Europeia melhore a transparência, a supervisão regulatória e as regras de insolvência em suas propostas para criar um sistema de mercado de capitais mais robusto.
Os esforços da UE para criar uma União de Mercado de Capitais (UMC) têm tido pouco avanço até agora, mas os planos são vistos como altamente benéficos, por encorajar empresas a arrecadarem mais recursos por meio de ações e títulos em vez de depender demais de empréstimos.
Lançada originalmente em 2015, a proposta é tida como central para o atual mandato da Comissão Europeia, que está perto do fim. Mas mesmo após uma reformulação em 2017 e a adoção de 11 novas leis na UE, a maioria das companhias na Europa ainda busca dinheiro por meio dos bancos.
Isso contrasta com os EUA, onde as companhias costumam recorrer aos mercados financeiros, que têm uma maior capacidade de pulverizar o risco de modo mais equilibrado na economia.
O FMI deve publicar uma análise nas próximas semanas sobre os potenciais benefícios de uma UMC, em que deve fazer recomendações sobre como melhorar a proposta, de acordo com Poul Thomsen, diretor do departamento sobre Europa do fundo.
Falando na London School of Economics na véspera, ele disse que as sugestões são focadas em três áreas – transparência, consistência regulatória e parâmetros de insolvência.
Sobre transparência, o FMI recomendará a criação de relatórios eletrônicos centralizados, padronizados e obrigatórios para todos os emissores, em vez de somente para grandes emissores, como prevê atualmente o plano da UE.
Ele acrescentou que isso seria "um grande passo adicional" e "uma ferramenta relativamente poderosa daqui para frente", uma vez que as finanças baseadas no mercado revolvem em torno de informações publicamente disponíveis.
Ao frisar as diferenças entre a Europa e os EUA, ele disse que as participações em empresas correspondem a apenas 68% do Produto Interno Bruto (PIB) na Europa, comparadas a uma taxa próxima a 170% nos EUA. A dívida do setor privado na zona do euro chega a 85% do PIB, comparados a mais de 100% nos EUA.
De outro lado, estão os sistemas bancários. Os ativos totais do setor bancário correspondem a 300% do PIB dos 19 países da zona do euro, enquanto que nos EUA a taxa é de apenas 85%.
Thomsen reconheceu que tentar alinhas as práticas para insolvência seria provavelmente a parte mais difícil a ser resolvida pela UMC, pois tais regras estão profundamente calcadas em tradições legais dos países.