Por Luciano Costa
BRASÍLIA (Reuters) - A Eletrobras (SA:ELET3) está otimista com um leilão agendado para 27 de setembro, no qual oferecerá a investidores participações em parques eólicos e linhas de transmissão de energia em operação, e a expectativa é de ofertas por todos os 18 lotes de ativos colocados à venda, disse nesta quarta-feira o presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr.
Ele afirmou que algumas empresas que já são sócias da Eletrobras nesses ativos deverão fazer propostas pela fatia da estatal, enquanto em outros dos empreendimentos alguns parceiros da empresa, notadamente minoritários, poderão também escolher vender suas parcelas no negócio junto com a companhia.
"Controladores têm manifestado positivamente sobre o interesse de ampliar (suas participações nos ativos)... e em alguns ativos nós somos o controlador e tem um sócio minoritário que pode ou não ter interesse em vender. Alguns deles têm", afirmou Ferreira a jornalistas, após participar de reunião no Ministério de Minas e Energia, sem citar nomes de companhias.
A Eletrobras colocou um preço mínimo de 3,1 bilhões de reais pelos ativos, mas Ferreira não quis comentar se a companhia espera um ágio no leilão, embora, ao ser questionado, tenha dito que espera ofertas por todos eles.
"Sim, claro (haverá lances por todos). O ágio não tenho como falar... os preços já são bons, porque são acima do valor contábil (dos ativos)", afirmou.
Ele disse que eventual decisão dos sócios sobre venda conjunta ou compra da fatia da Eletrobras nos empreendimentos será divulgada no dia do leilão.
Os parceiros com interesse em deixar os negócios terão a oportunidade de negociar a venda de suas participações nos ativos ao mesmo preço oferecido pelos investidores à Eletrobras.
Já os sócios que quiserem comprar a fatia da Eletrobras terão direito de preferência se oferecerem o mesmo valor de eventuais competidores no leilão.
Segundo Ferreira, a recente desvalorização do real frente ao dólar pode tornar o leilão mais atraente para investidores estrangeiros.
Ele disse, no entanto, que o perfil dos possíveis participantes da licitação é amplo. "Tem de tudo. Tem fundos, tem (sócios da estatal) controladores, tem investidores estratégicos (elétricas)."
O leilão terá oito lotes (A a H) de empreendimentos de geração eólica e 10 lotes (I a R) com participações em linhas de transmissão.
DEMANDA EM DÚVIDA
Apesar do otimismo da Eletrobras e de preços vistos como atrativos fixados para muitos dos ativos no leilão, a competição poderá ficar abaixo do esperado porque alguns empreendedores queriam mais tempo para analisar as oportunidades, alertou a consultoria Thymos Energia.
O edital do leilão foi publicado em 21 de agosto, pouco mais de um mês antes da licitação.
"Para estimar quais são os lotes mais atrativos, é necessário olhar com atenção para as performances operacionais dos projetos, analisar quais são os melhores contratos de venda e os menores passivos. O prazo para fazer esse diagnóstico ficou curto", apontou Thais Prandini, diretora da Thymos.
Ainda assim, ela avalia que a licitação deve atrair elétricas de grande porte, incluindo empresas do setor que não atuam em geração ou querem ampliar a presença no segmento para novas fontes.
"As grandes companhias geradoras ou distribuidoras que querem verticalizar suas atividades podem identificar no leilão uma boa oportunidade de entrar em um novo negócio, sem ter os riscos que a construção de um novo projeto envolve", apontou.
Já alguns grandes investidores estrangeiros do setor de transmissão podem ter menor interesse nos ativos porque preferem projetos novos, até como forma de viabilizar a venda de equipamentos e serviços por outras empresas de seus grupos ou países.
(Por Luciano Costa)