Por Sheila Dang
(Reuters) - O bilionário Elon Musk disse aos anunciantes que abandonaram sua plataforma de mídia social X por causa de conteúdo antissemita para "se f...". O comentário foi feito durante uma entrevista na quarta-feira..
As falas de um dos ícones da tecnologia mundial foram repletas de palavrões durante a entrevista do executivo ao DealBook Summit, do jornal The New York Times. Musk pediu desculpas repetidas vezes por ter publicado um tuíte em 15 de novembro em que concordou com uma publicação antijudaica.
Musk tem enfrentado uma enxurrada de críticas desde que concordou com um usuário que afirmou que os judeus estavam alimentando o ódio contra os brancos. Em sua publicação, Musk disse que o usuário, que fez referência à teoria da conspiração da "Grande Substituição", estava falando "a verdade real".
Na quarta-feira, Musk disse que havia "entregado uma arma carregada" para detratores e pessoas antissemitas, descrevendo sua publicação como possivelmente a pior que ele havia feito em um histórico de mensagens que incluiu muitas mensagens "tolas".
Os comentários de Musk pressionaram a X de modo geral, inclusive sobre a presidente-executiva, Linda Yaccarino, uma indicação do próprio bilionário. Um executivo disse à Reuters que ela permaneceria na empresa.
Em uma publicação na X na noite de quarta-feira, Yaccarino disse que Musk havia oferecido um pedido de desculpas e "um ponto de vista explícito sobre nossa posição".
"E aqui está minha perspectiva quando se trata de publicidade: A X está em uma interseção única e surpreendente da liberdade de expressão e o grande público -- e a comunidade X é poderosa e está aqui para recebê-los. Aos nossos parceiros que acreditam em nosso trabalho significativo -- obrigada", acrescentou ela.
Musk, que é presidente-executivo da montadora de carros elétricos Tesla (NASDAQ:TSLA), se irritou com as acusações de antissemitismo e disse que os anunciantes que deixaram a X, anteriormente conhecida como Twitter, não devem achar que podem chantageá-lo.
"Se alguém vai tentar me chantagear com publicidade, me chantagear com dinheiro? Vá se foder", disse ele.
"Vá se foder. Vá se foder. Está claro? Espero que sim. Ei, Bob, se você estiver na plateia", acrescentou Musk, em uma aparente referência a Robert Iger, presidente-executivo da Walt Disney (NYSE:DIS), que retirou anúncios da X. Iger falou anteriormente no evento e disse que a Disney sentiu que a associação com a X após os comentários de Musk "não foi positiva para nós". Um porta-voz da Disney não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
"O que me interessa é a realidade da bondade, não a percepção dela. E o que eu vejo por toda parte são pessoas que se preocupam em parecer boas enquanto fazem o mal. Que se fodam", disse Musk.
Os palavrões de Musk contra os ex-anunciantes são o "capítulo final" para as marcas que fazem negócios com a X, disse Lou Paskalis, fundador da consultoria de marketing AJL Advisory e ex-diretor de mídia global do Bank of America (NYSE:BAC). "Eles não vão se esquecer disso", disse ele.
Os clientes que não gostaram dele devem considerar os produtos que sua empresa fabrica com base em sua qualidade, disse Musk, apontando para os carros elétricos da Tesla e os foguetes da SpaceX. "Eu certamente não vou me deixar levar", disse ele.
Musk acrescentou que, sem dúvida, ele mesmo fez mais pelo meio ambiente, na Tesla, do que qualquer outra pessoa no mundo, com base nas vendas maciças de veículos elétricos de sua montadora.
"Seria justo dizer, portanto, que, como líder da empresa, fiz mais pelo meio ambiente do que qualquer pessoa, qualquer ser humano na Terra."
Os comentários de Musk foram feitos no mesmo dia em que o líder da maioria no Senado dos EUA, Chuck Schumer, alertou que o aumento do antissemitismo desde o início da guerra entre Israel e Hamas chegou a um ponto de crise, dizendo que ele ameaça a segurança dos judeus em todo o mundo e o futuro de Israel.
"Para nós, o povo judeu, o aumento do antissemitismo é uma crise. Um incêndio de grandes proporções que deve ser extinto", disse Schumer em um discurso de 40 minutos no Senado.
A publicação de Musk foi condenada pela Casa Branca pelo que ela chamou de "promoção abominável do ódio antissemita e racista".
Após a publicação do bilionário, grandes empresas norte-americanas, incluindo Walt Disney, Warner Bros Discovery (NASDAQ:WBD) e Comcast, controladora da NBCUniversal, suspenderam anúncios na rede social X. Um relatório do grupo de vigilância liberal Media Matters precipitou a saída dos anunciantes, que disseram ter encontrado anúncios ao lado de publicações que apoiam o nazismo. A plataforma entrou com uma ação na semana passada contra a Media Matters por difamação.
O próprio Musk parecia convencido de que a X pode fracassar financeiramente e culpou os anunciantes.
"Se a empresa fracassar por causa de um boicote dos anunciantes, ela fracassará por causa de um boicote dos anunciantes. E será isso que levará a empresa à falência e é isso que todo mundo saberá", disse ele. "Deixem as fichas caírem onde elas caírem."
Na esteira da condenação em torno de sua publicação, Musk viajou para Israel em 7 de outubro. Na segunda-feira, ele falou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma conversa transmitida ao vivo na X.
Musk disse na quarta-feira que a viagem havia sido planejada antes de sua mensagem e era "independente" da questão.
Musk disse em Israel que é contra o antissemitismo e qualquer coisa que "promova o ódio e o conflito" e afirmou que a X não promove discursos de ódio. Enquanto estava lá, o bilionário recebeu um pingente simbólico do pai de um refém israelense levado em cativeiro pelo Hamas, que prometeu usar até que todos os reféns fossem libertados. Ele usou o acessório no palco na quarta-feira.
(Reportagem adicional de Hyunjoo Jin e Devika Nair)