Esther Rebollo.
Santiago do Chile, 25 jan (EFE).- Com a atenção posta aos investimentos de qualidade e dispostos a passar das declarações políticas a decisões mais concretas, os chanceleres da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE) praticamente finalizaram nesta sexta-feira o documento que os presidentes assinarão no domingo.
A atual cúpula, a primeira entre os dois grupos após o nascimento da Celac, em dezembro de 2011, quando foi constituída por iniciativa do presidente Hugo Chávez, acontece sob o lema "Aliança para o Desenvolvimento Sustentável: Promovendo Investimentos de Qualidade Social e Ambiental".
Uma das novidades é que a reunião ocorre em um momento no qual a América Latina e o Caribe se apresentam como "uma só voz" e dispostos a contribuir para a solução da crise na Europa, porque já não são apenas os europeus os que investem e fazem negócios no Velho Continente.
Esse foi o panorama apresentado pelo ministro das Relações Exteriores chileno e anfitrião do encontro, Alfredo Moreno, durante uma entrevista coletiva na qual esteve acompanhado da alta representante da UE para Relações Exteriores e Política de Segurança, Catherine Ashton.
"Há dois ou três motivos que fazem esta reunião muito especial. Em primeiro lugar, nosso continente, a América Latina e o Caribe, tem uma só voz. Nas cúpulas anteriores, eram países diferentes apresentando suas posições. Hoje, depois de termos aprendido com o que fez a Europa, temos uma organização que reúne todos nós", avaliou Moreno.
O chefe da diplomacia chilena insistiu que essa região sempre foi considerada uma causadora de problemas, o motivo "da pobreza, dos seus ciclos econômicos e das dificuldades para avançar", o que levou, segundo ele, a "uma relação pouco simétrica".
"Hoje, nosso continente soma anos positivos. Tivemos um avanço constante no desenvolvimento econômico e social, há a sensação de confiança com relação ao futuro. Por outro lado, a Europa teve anos difíceis", apontou Moreno sobre as dificuldades atuais do Velho Continente.
Por isso, adiantou que hoje a América Latina e o Caribe podem "fornecer um grão de areia e ser parte da solução", já que a UE "encontrará mercados que estão crescendo".
Desta forma, o desenvolvimento e os investimentos de qualidade são o tema central da 1ª Cúpula Celac-UE, dado que a Europa é o principal parceiro dessa região, com 47% do investimento estrangeiro direto, cujo montante somava 385 bilhões de euros em 2010.
A novidade agora é que 53% dos investimentos realizados pela América Latina no exterior se dirigiram à Europa, segundo Moreno, que detalhou que esses dados confirmam que "não há um parceiro mais interessante, maior, com quem tenhamos mais história".
Ashton, por sua vez, disse que Celac e UE têm "uma história, e o mais importante, um presente e um futuro comuns", pelo que espera um aprofundamento da relação entre os dois blocos.
A alta representante europeia reconheceu que um dos desafios é "apoiar as pequenas e médias empresas e ver como estabelecer relações com a UE nessa área".
Já Moreno assinalou que durante a reunião de chanceleres se avançou no documento final que será assinado pelos presidentes. Fontes diplomáticas informaram à Agência Efe que o texto está "praticamente 99% fechado" e, já entrada a noite desta sexta-feira, restava apenas finalizar detalhes sobre investimentos e mudança climática, assuntos-chave a serem debatidos na cúpula.
Já está na capital chilena boa parte dos cerca de 60 chefes de Governo e de Estado convidados à reunião, entre eles o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy; o primeiro-ministro francês, Jean Marc Ayrault; e os líderes do México, Enrique Peña Nieto; do Haiti, Michel Martelly; e do Uruguai, José Mujica.
Também se encontra no Chile o presidente de Cuba, Raúl Castro, uma das personalidades mais esperadas, já que a última visita de um líder da ilha caribenha a esse país foi feita em 1971, por Fidel Castro. EFE
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