Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Energia, que controla 13 distribuidoras de energia no Brasil, prevê investir cerca de 1,3 bilhão de reais neste ano para melhorar a qualidade do serviço e aumentar a rentabilidade de suas concessionárias, parte delas adquirida junto ao combalido Grupo Rede, afirmou o presidente da holding à Reuters nesta sexta-feira.
A empresa acaba de captar 1,365 bilhão de reais em uma oferta de Units, que compreendem ações ordinárias e preferenciais da holding. O valor deve alcançar até 1,535 bilhão com o lote suplementar, que deverá ser liquidado até 31 de agosto.
Os recursos captados ajudarão a reduzir dívidas e reforçar o caixa enquanto a companhia lida com a recuperação das empresas que eram do Rede, que sofriam com falta de investimentos e precisam se adequar a exigências técnicas e financeiras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que deve ser realizado até 2017.
"Até ano que vem ainda tem coisa pra fazer, para tirar o atraso. Depois você entra num voo de cruzeiro", afirmou o CEO Mauricio Botelho em entrevista por telefone.
No primeiro trimestre, os investimentos da Energisa (SA:ENGI4) somaram 303 milhões de reais.
Ele disse que a compra do Grupo Rede foi "um salto extraordinário" para o grupo e que o negócio está andando bem e deverá gerar bons resultados para a companhia.
"O negócio de distribuição, com escala, você aumenta a sinergia. Estamos esperando benefícios desse crescimento", afirmou Botelho.
FORA DA CELG
O presidente também comentou que a Energisa não vai participar do leilão de privatização da distribuidora de energia goiana Celg-D, controlada pela Eletrobras (SA:ELET3) e pelo governo de Goiás, que venderão suas fatias na empresa por um preço mínimo de 2,8 bilhões de reais.
A Energia chegou a se inscrever entre os interessados no certame, agendado para 19 de agosto, mas não foi adiante no negócio.
"Nós nem acessamos o data-room. Não tem interesse em analisar, não", afirmou Botelho.
Os principais motivos do desinsteresse são o foco em investimentos nas distribuidoras e o preço, considerado elevado. "Esse é o principal", disse o executivo, ao comentar o valor do leilão.
Botelho também disse que a companhia não avalia neste momento um retorno aos investimentos em geração, uma área na qual a Energisa tinha ativos que foram vendidos.
"Neste momento estamos com sobras de energia, não está dos melhores momentos para isso. Juros muito altos, então também tem restrição de crédito... tem que achar o momento adequado", explicou.
Ele apontou, no entanto, que caso a Energisa tome decisão de retomar os aportes em geração isso deverá ser feito com projetos próprios. "Não gostamos de comprar ativo pronto, geralmente a gente assume o risco da construção e depois faz a alienação."