Por Tom Hals e Hyunjoo Jin
WILMINGTON, EUA (Reuters) - Enquanto Elon Musk está envolvido com o Twitter, o empresário está indo a julgamento para defender seu pacote salarial recorde de 56 bilhões de dólares pago pela Tesla (NASDAQ:TSLA) contra alegações de que o enriquece injustamente sem exigir sua presença em tempo integral na montadora de carros elétricos.
O acionista da Tesla, Richard Tornetta, está tentando cancelar o acordo salarial obtido por Musk em 2018, alegando que o conselho de administração estabeleceu metas de desempenho fáceis e que Musk criou o pacote para financiar seu sonho de colonizar Marte.
A Tesla respondeu que o pacote proporcionou um aumento extraordinário de 10 vezes no valor para os acionistas.
O julgamento começará em 14 de novembro e será decidido por Kathaleen McCormick, em um tribunal no Estado norte-americano de Delaware. A magistrada supervisionou o processo do Twitter contra Musk que terminou no mês passado quando o bilionário aceitou concluir a compra da rede social por 44 bilhões de dólares, uma aquisição que ele financiou em grande parte com suas ações da Tesla.
Os advogados de Tornetta argumentam que o pacote de 2018 falhou em seu propósito declarado de deixar Musk focado na Tesla. A ação retrata Musk como um “presidente-executivo em meio período”, citando seu testemunho de que em 2018 ele trabalhou terça, quarta e sexta-feira na montadora de carros elétricos e segunda e quinta-feira na empresa de foguetes SpaceX, de acordo com seu depoimento.
De acordo com o processo, o presidente do conselho da Tesla, Robyn Denholm, disse que o "tempo mínimo" que Musk estava na Tesla estava "se tornando cada vez mais problemático". O comentário aparece em um email de 2018 para Gabrielle Toledano, que na época era a diretora de pessoal da Tesla.
A empresa argumentou que o pacote não era sobre exigir que Musk batesse ponto e estivesse no local em horas específicas a cada semana, mas para que a montadora atingisse metas "audaciosas", enriquecendo Musk e também acionistas como Tornetta.
O pacote de pagamento permite que Musk compre 1% das ações da Tesla com um grande desconto cada vez que as metas financeiras e de desempenho crescentes são atingidas; caso contrário, Musk não recebe nada. A Tesla atingiu 11 das 12 metas, já que seu valor disparou de 50 bilhões de dólares para 650 bilhões de dólares, devido ao aumento da produção do carro Model 3, de acordo com documentos judiciais.
O julgamento provavelmente se concentrará nas alegações de Tornetta de que o pacote de pagamento foi desenvolvido e aprovado por diretores vinculados a Musk e promovido a acionistas sem revelar que as primeiras parcelas provavelmente seriam cumpridas com base em projeções internas.