Fernando Mexía.
Los Angeles (EUA), 25 dez (EFE).- A colheita 2012 do Vale do Silício californiano foi abundante em dispositivos, mas não muito próspera em inovações tecnológicas, com as empresas líderes ansiosas para conseguir lucros e as concorrentes pagando com demissões em massa por sua falta de adaptação aos novos tempos.
As notícias mais relevantes da Apple e do Facebook estiveram mais ligadas à Bolsa de Valores do que com o trabalho de seus engenheiros e técnicos em informática.
A Apple se consolidou como a empresa com o maior valor de mercado, já que suas ações superaram os US$ 700, um recorde em Wall Street. Já o Facebook realizou sua estreia no pregão nova-iorquino, um passo mais que necessário para dar continuidade ao seu incomparável crescimento.
A rede social que nasceu no quarto de um estudante de Harvard em 2004, em maio de 2012, passou a ser a empresa tecnológica com a melhor estreia da história em bolsa, onde foi avaliada inicialmente em US$ 112 bilhões.
Nos meses seguintes, os ativos se desvalorizaram em 30%, embora a quantia arrecadada se mostrou suficiente para custear a aquisição do Instagram por US$ 1 bilhão e tornar ricos alguns de seus funcionários.
O Facebook ultrapassou a marca de 1 bilhão de usuários ainda em outubro, embora tenha encerrado o ano sem dissipar as dúvidas sobre seu modelo de negócio, ou seja, se o mesmo será capaz de ganhar dinheiro além de amigos.
A Apple, por sua vez, mostrou ter flexibilidade e pôs à venda uma grande variedade de produtos, embora quase todos tenham sido versões mais potentes, finas e leves de seus velhos e famosos dispositivos.
Houve o lançamento do iPhone 5, novos iPod, MacBook portáteis, iMac e três modelos de iPad, incluindo o iPad mini, com o qual a empresa entrou em um nicho de mercado em que seus rivais estavam dividindo totalmente os lucros.
Também não faltaram fiascos, como o aplicativo de mapas que gerou a demissão de vários executivos e fez com que o executivo-chefe da companhia, Tim Cook, pedisse desculpas aos clientes.
A grandiosidade da Apple fez com que a empresa até se atrevesse a dividir os lucros pela primeira vez desde 1995, embora muitos pensem que sua vantagem tecnológica foi esgotada frente aos fabricantes asiáticos de "smartphones", especialmente a Samsung, com a qual mantém uma dura guerra judicial por causa de patentes.
O episódio mais famoso deste ano foi a sentença que condenou a Samsung a pagar US$ 1 bilhão por supostamente ter plagiado a Apple, que, por outro lado, fez um acordo com a taiuanesa HTC para possuir suas patentes. Agora, após ter emitido uma queixa sobre o sigilo desta operação, a Samsung estuda pedir o mesmo tratamento.
O Google viu esses episódios de longe apesar de seu sistema operacional Android ser o mesmo que alimenta os aparelhos de Samsung, HTC e muitos outros que competem no setor móvel com o iPhone e o iPad.
A empresa de Mountain View sacou sua conta corrente para se blindar perante as disputas por patentes e comprou a gigante Motorola por US$ 12,5 bilhões. Além disso, o Google apresentou seus novos dispositivos Nexus, os quais foram bem recebidos pelos críticos.
O Android se consolidou como o ecossistema mais estendido do mundo móvel e, com isso, o Google igualou a Apple em número de aplicativos disponíveis, 700 mil.
O procurador deste gigante da internet também reafirmou seu domínio, já que seu navegador Chrome superou o Explorer como o mais popular, sendo que o Google ainda apresentou seus experimentais óculos com conexão a internet e obteve licenças para fazer teste de seu carro com piloto automático.
No entanto, nem tudo foi rosas para o Google, que esteve constantemente sob análise das autoridades em muitos países. Por causa de sua onipresença na internet, os governos passaram a levar à empresa aos tribunais com acusações de práticas monopolísticas.
Para os gigantes Hewlett-Packard (HP) e Yahoo!, 2012 foi um ano de emagrecimento. Os primeiros anunciaram a demissão de 27 mil empregados, enquanto os segundos demitiram 2 mil. No caso do Yahoo!, a vergonha foi ainda maior, já que seu executivo-chefe foi afastado por causa de irregularidades em seu currículo.
Apesar da troca no comando, a Yahoo! continuou buscando fórmulas para crescer suas receitas publicitárias, enquanto a HP terminou 2012 acreditando que o novo Windows 8 ajudará a aumentar a demanda mundial de computadores, um negócio estagnado devido ao furor dos tablets.
Essa ideia também passa na cabeça da Microsoft, que, nos últimos meses, lançou uma grande ofensiva comercial.
Um Windows tátil, um tablet próprio e uma aliança com a Nokia para inundar o mercado do Windows Phone são as apostas do império Microsoft, que em sua sede, nos arredores de Seattle, não vê o momento de conter a efervescência de seus rivais do Vale do Silício. EFE