Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A administradora de shopping centers Iguatemi (SA:IGTA3) tem planos de novos empreendimentos no país, mas não considera o momento como ideal para aumentar desembolsos e lançar projetos, disse à Reuters nesta segunda-feira a diretora financeira da companhia, Cristina Betts.
"Sempre tem novos projetos (greenfields) no pipeline, mas a aprovação demora e ainda não estamos prontos para lançar", afirmou a executiva, acrescentando que a recente melhora dos indicadores macroeconômicos não é suficiente para justificar um aumento expressivo dos investimentos.
"Apesar de estarmos melhorando (economia brasileira), não chegamos lá ainda", disse. Na avaliação da executiva, a recuperação dos níveis de emprego é fundamental para uma retomada mais vigorosa do consumo que favoreça o lançamento de novos projetos.
A taxa de desemprego brasileira subiu a 12,2 por cento no trimestre até janeiro de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de fevereiro. Entre novembro e janeiro, o país tinha 12,689 milhões de pessoas desempregadas, contra contingente de 12,3 milhões no quarto trimestre de 2017 e de 12,921 milhões no mesmo período do ano anterior.
Em 2018, o Iguatemi planeja desembolsar entre 170 milhões e 220 milhões de reais, acima dos 98 milhões investidos em 2017, com a maior parte dos recursos direcionada para conclusão de novo outlet em Santa Catarina, cuja inauguração é prevista para o final deste ano.
Questionada sobre a possibilidade de ampliar shoppings que já estão em operação, Betts disse que a companhia tem essas oportunidades de expansão mapeadas, mas só seguirá adiante se houver demanda de lojistas.
"A expansão é mais fácil que um greenfield neste momento... Só que depende do lojista, que por sua vez depende do consumo", explicou, lembrando que as mais recentes obras de ampliação do grupo ocorreram em Campinas, em 2015, e Porto Alegre, em 2016.
Nos últimos anos, a administração do Iguatemi esteve focada em reduzir despesas e a dívida da empresa. Ao fim de dezembro, a relação da dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização era de 2,96 vezes.
A diretora financeira disse também que a companhia vê mais espaço para trocar dívidas caras por outras mais baratas e continua vendo as emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) como uma alternativa "boa, bonita e barata" para isso.
A última captação via CRI do Iguatemi ocorreu em setembro, no valor de 279,6 milhões de reais, com prazo de 7 anos e sem garantia.