Engajamento é um dos principais desafios a serem vencidos pelas empresas e pelos bancos para que os compromissos ESG (ambiental, social e governança) sejam de fato uma realidade, afirmou o presidente do Bradesco (BVMF:BBDC4), Octavio de Lazari. "A velocidade de engajamento ainda é lenta", afirmou durante painel no Febraban Tech, que acontece no auditório do Ibirapuera, em São Paulo.
Ele lembrou que o termo ESG foi cunhado há 18 anos, pelo então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Anan. "Não adianta querer crescimento verde e ter uma governança estabelecida na relação entre os funcionários, colaboradores e fornecedores, se não houver o social implementado", afirmou.
O presidente do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), Fausto de Andrade Ribeiro, por sua vez, acrescentou que o grande desafio dos bancos está no ambiental e que precisam criar mecanismos para ajudar os agricultores a rentabilizar áreas protegidas. "Temos uma carteira de quase R$ 100 bilhões em crédito que geram baixo carborno, porque não podemos securitizar esses créditos e oferecer ao mercado para financiar a agricultura a preços mais baixos", afirmou.
Inflação
Octavio de Lazari disse esperar que até final do ano a Brasil consiga debelar o fantasma da inflação. Ao mesmo tempo, enfatizou que as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano estão melhorando, enquanto as de 2023 estão muito ruins.
"Espero que economistas se enganem de novo", disse ao falar das estimativas para o PIB do ano que vem. Este ano, após revisões para cima, a sinalização é de avanço na casa dos 2,5%, disse ele no debate durante evento da Febraban sobre tecnologia.
Octavio de Lazari também disse que a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de criar uma meta de dívida do governo, nos moldes do sistema de metas de inflação, funciona, pois estabelece um limite para os gastos. "O que não pode é ter um cheque em branco", disse a jornalistas ao ser perguntado sobre a proposta do ministro.
"Tem que existir um limite de gastos", disse Lazari, ressaltando que os bancos e empresas, e também as famílias, têm um sistema de orçamento, que prevê gastos e despesas. "Tem que ter em qualquer lugar, no mundo privado e público."
"Se adotar o teto de gastos ou outro modelo qualquer, tem que ter esse controle, pois só assim a gente consegue o equilibrar o gasto público e ter mais recursos para fazer investimentos no país."
Bolsonaro
Sobre o almoço da Febraban com o presidente Jair Bolsonaro ontem, Lazari afirmou que foi "tranquilo" e confirmou que o chefe do Planalto pediu aos presidentes dos bancos para baixar os juros do crédito consignado, sem dar detalhes sobre a modalidade. Recentemente, foi sancionado o projeto que permite a concessão de crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Mas o presidente do Bradesco disse que não acatou o pedido. "A taxa de juros envolve uma série de fatores, como a cobrança, a inadimplência, a recuperação do crédito."