Por Tom Balmforth e Dan Peleschuk
KIEV (Reuters) - A notícia de que os Estados Unidos poderão em breve enviar foguetes que quase dobram o alcance das forças ucranianas deu um grande alento a Kiev nesta quarta-feira, mesmo com suas tropas sendo repelidas por uma implacável ofensiva de inverno russa no leste.
Na capital Kiev, autoridades invadiram a casa de um dos bilionários mais proeminentes da Ucrânia e de um ex-ministro do Interior, a ação mais ousada até agora em uma campanha anticorrupção em tempos de guerra lançada na semana passada pelo presidente Volodymyr Zelenskiy.
Duas autoridades dos EUA disseram que um novo pacote de ajuda militar de 2 bilhões de dólares a ser anunciado nesta semana incluiria pela primeira vez bombas de pequeno diâmetro lançadas no solo (GLSDB), uma nova arma projetada pela Boeing (NYSE:BA).
Os mísseis planadores podem atingir alvos a mais de 150 km de distância, um aumento em relação ao alcance de 80 km dos foguetes disparados pelos sistemas Himars, que mudaram a cara da guerra quando Washington os enviou no verão passado.
Isso significaria que cada centímetro da Ucrânia ocupada pela Rússia, além da maior parte da península da Crimeia, poderia em breve estar ao alcance das forças ucranianas, forçando Moscou a transferir alguns locais de armazenamento de munição e combustível para a própria Rússia.
O assessor presidencial ucraniano Mykhilo Podolyak disse que as negociações sobre o fornecimento de mísseis de longo alcance estão em andamento, juntamente com as negociações sobre aeronaves de ataque. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a chegada de armas norte-americanas de longo alcance causaria uma escalada no conflito.
O esperado anúncio dos EUA ocorre uma semana depois que os países ocidentais prometeram dezenas de tanques de guerra avançados pela primeira vez, um avanço no apoio destinado a dar a Kiev a capacidade de recapturar o território ocupado este ano.
Mas a chegada das novas armas ainda está a meses de distância e, enquanto isso, a Rússia tem ganho força no campo de batalha pela primeira vez desde meados de 2022, em combates brutais de inverno que ambos os lados descrevem como um moedor de carne.
Moscou anunciou avanços ao norte e ao sul da cidade de Bakhmut nos últimos dias, seu principal alvo há meses. Kiev contesta muitas dessas afirmações e a Reuters não pôde verificar de forma independente a situação precisa, mas os locais dos confrontos relatados indicam avanços russos incrementais.
As tropas estavam lutando de prédio em prédio em Bakhmut por ganhos de apenas 100 metros por noite, e a cidade estava sob constante bombardeio russo, disse um soldado de uma unidade ucraniana de voluntários bielorrussos à Reuters de dentro da cidade. As forças russas estavam manobrando para tentar cercá-la.
O Estado-Maior da Ucrânia afirmou na noite de terça-feira que suas forças foram atacadas em Bakhmut e nas aldeias de Klishchiivka e Kurdyumivka em seus acessos ao sul.
Ao sul de Bakhmut, a Rússia também lançou uma grande nova ofensiva esta semana em Vuhledar, um antigo bastião controlado pelos ucranianos na junção das linhas de frente sul e leste. Kiev diz que até agora suas forças se mantiveram lá.