N'DJAMENA/LONDRES (Reuters) - O Chade está em rota de colisão com a maior credora Glencore (L:GLEN) no momento em que quer desviar petróleo da trading suíça para a companhia energética norte-americana ExxonMobil (N:XOM) a partir do ano novo em meio a uma disputa sobre reestruturação de dívida.
Um documento do governo mostrou que o Chade quer entregar os direitos de comercialização de petróleo atualmente detidos pela Glencore à Exxon, maior produtora de petróleo no país centro-africano.
Três fontes do governo e da indústria confirmaram os detalhes. Fontes próximas à Glencore disseram acreditar que o contrato não permite mudanças do tipo.
Sob pressão do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Chade está renegociando sua grande dívida comercial externa, especialmente com a Glencore, que consome quase todo seu lucro decorrente do petróleo — a principal fonte de renda do país.
A dívida de quase 1,4 bilhão de dólares com a Glencore está sendo reestruturada pela segunda vez desde a crise nos preços do petróleo em 2014, em uma medida que deverá ser concluída até o fim do ano ou início do próximo ano.
Pressionado pela seca, uma crise de refugiados e o grupo militante Boko Haram, o governo se frustrou com a Glencore e seu modo de lidar com a reestruturação da dívida, dizem fontes da administração.
Desde 2014, a Exxon tem pago royalties ao governo em carregamentos físicos de petróleo que posteriormente foram distribuídas pela empresa estatal SHT para a Glencore.
Mas esse processo vai terminar no início de janeiro, já que o governo pediu à Exxon para pagar royalties em dinheiro ao invés disso, segundo uma carta da companhia datada de meados de outubro.
A mudança levará a Exxon a substituir a Glencore como comerciante do petróleo.
Porta-voes da ExxonMobil e Glencore não quiseram comentar. O ministro da Fazenda do Chade não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.
(Por Madjiasra Nako e Julia Payne; reportagem adicional de Dmitry Zhdannikov, Ernest Scheyder e Aaron Ross)